Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sábado, 03 de agosto de 2019

EDITORIAL: UMA INDÚSTRIA SEM ESPAÇO

 

Uma indústria sem espaço

A indústria brasileira, condenada a mais um ano de estagnação, paga preço alto por duas crises. Só o agronegócio está plenamente integrado no comércio global

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

03 de agosto de 2019 | 03h00

Condenada a mais um ano de estagnação, a indústria brasileira paga um preço muito alto por duas crises. No mercado interno, milhões de famílias cortam o consumo, o comércio fraqueja e as dificuldades do varejo desembocam nas fábricas. Do lado externo, a recessão na Argentina, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, limita severamente as importações e contamina o setor industrial no Brasil. As exportações totais do Brasil ficaram em US$ 129,9 bilhões entre janeiro e julho, com recuo de 4,7% em relação a um ano antes. Na mesma comparação, as vendas externas de manufaturados diminuíram 6,5% e ficaram em US$ 45 bilhões. O valor vendido ao mercado argentino despencou a enormidade de 39,9% e chegou a modestíssimos US$ 6 bilhões. Mais de 80% dessas vendas são de produtos elaborados.

Mas a indústria brasileira continua pouco aberta – para exportações e importações – e, embora venda a muitos países, é muito dependente de poucos mercados. Os Estados Unidos são um dos mais importantes.

 Tomem-se como exemplo os dados de um ano “normal”, com a economia global em crescimento e firme recuperação, nos principais mercados, depois da crise financeira de 2008. Em 2012, Estados Unidos e Argentina proporcionaram cerca de um terço da receita de exportações brasileiras de manufaturados.

Além de ser, em condições normais, o terceiro maior mercado para exportações brasileiras, a Argentina tem uma posição muito especial na composição do comércio. Em nove anos, no período de 2008 a 2018, 90% ou mais do valor faturado com as vendas à Argentina resultaram das exportações de manufaturados. No mesmo período, manufaturados garantiram mais de 50% da receita em dez anos, no comércio com os Estados Unidos. Em seis anos a parcela foi superior a 55%. No caso da Alemanha, outro grande mercado, essa participação tem ficado na faixa de 30% a 40%.

O quadro é muito diferente quando se trata do maior parceiro comercial do Brasil, a China. Em nove anos, no período de 2008 a 2018, o Brasil obteve mais de 80% da receita com as vendas de produtos básicos – minérios e matérias-primas agrícolas. Raramente os manufaturados proporcionam mais de 2% do valor faturado. A pequena parcela restante corresponde às vendas de semimanufaturados.

Os grandes mercados para a indústria brasileira, portanto, são alguns emergentes, como a Argentina e outros latino-americanos, e algumas potências capitalistas avançadas, com destaque para Estados Unidos e Alemanha. A relação com a China, eleita pelos governos petistas como parceiro preferencial, típico da relação Sul-Sul, é quase colonial.

Não há problema em vender produtos primários ao mercado chinês ou a qualquer outro. Mas uma diplomacia comercial minimamente ambiciosa teria buscado abrir espaço para a indústria manufatureira em todos os mercados. Isso deveria envolver uma política de maior abertura, maior integração nas cadeias de valor e de maior competitividade.

Mas essa política foi negligenciado no longo período petista. Prevaleceu o protecionismo e perdeu-se muito dinheiro com campeões nacionais e setores privilegiados. A maior parte da indústria, é preciso reconhecer, acomodou-se. Pior que isso, entrou em declínio. Houve exceções. Algumas empresas industriais nunca deixaram de batalhar no mercado internacional. Mas só o agronegócio está plenamente integrado no comércio global. Não está claro se o governo atual será capaz de mudar esse quadro. Integração competitiva requer muito mais que ideologia, alinhamento e privatização.


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