Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sexta, 06 de setembro de 2019

EDITORIAL: NOVO ACERTO EM NOVO RECUO

 

Novo acerto em novo recuo

Ao recuar da intenção de mexer no teto de gastos, Jair Bolsonaro repetiu um quase ritual. Mudar de ideia é elogiável, mas mais prudente é pensar antes de falar

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

06 de setembro de 2019 | 03h00

Recuando mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro decidiu defender a manutenção do teto de gastos, em vez de propor o afrouxamento da regra orçamentária. Romper o teto seria “abrir uma rachadura no casco do transatlântico”, afirmou ele, ontem de manhã, em sua conta no Twitter. Como em outras ocasiões, o recuo foi acertado. No dia anterior, quarta-feira, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, havia dado à imprensa uma informação diferente. Segundo ele, o governo estudava medidas para mexer na restrição e aumentar as despesas sem elevar impostos. O presidente, segundo informou o Estado, tinha ido ao Ministério da Economia para conversar sobre o assunto com o ministro Paulo Guedes. A mensagem postada na manhã seguinte mostrou, sem acrescentar explicação, uma saudável mudança de propósito.

A solução para as finanças públicas, disse o presidente na mensagem de ontem cedo, é reduzir despesas e combater fraudes e desperdícios. “O Brasil vai dar certo. Parabéns a nossos ministros pelo apoio às medidas econômicas do Paulo Guedes”, acrescentou.

 De fato, a solução deve incluir a redução das despesas, mas falta o presidente esclarecer suas ideias sobre o assunto. Diminuir gastos com eletricidade é uma das ações mencionadas pelo Twitter. Além disso, o governo insiste em fundir Ministérios. A nova ideia é juntar os do Meio Ambiente e do Turismo, os da Cidadania e dos Direitos Humanos e os da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional. A economia deverá ser marginal, se todos os setores envolvidos continuarem operando normalmente, e os ganhos de eficiência são pouco claros. As limitações desse tipo de ação já foram comprovadas com as fusões implantadas no começo do mandato. O Ministério da Cidadania, reunindo políticas de desenvolvimento social, esporte, cultura e controle de drogas, é um exemplo de ornitorrinco administrativo.

Em quase nove meses de mandato o presidente Jair Bolsonaro nunca deu sinal de alguma competência administrativa. Seus atos mais vistosos têm denotado, de forma repetida, uma grave confusão entre governar e dar ordens como um chefete voluntarioso. Mostram também uma persistente mistura entre vida pessoal e vida político-administrativa.

Se tivesse noções um pouco mais claras de como administrar, e, portanto, de como governar, ele teria evitado uma porção de recuos. Teria de fato escolhido ministros dando mais peso à competência do que ao alinhamento ideológico e religioso. Teria consultado assessores antes de opinar, de prometer e de tomar decisões.

Seguindo esse padrão, teria conversado seriamente com Paulo Guedes antes de insinuar qualquer mexida na regra do teto. Teria sido cauteloso, em vez de anunciar a mudança da embaixada em Israel para Jerusalém. Acabou recuando nesse caso, alertado, finalmente, do risco de comprometer exportações para países muçulmanos. Teria evitado, nos Estados Unidos, acusar de más intenções a maioria dos imigrantes, para depois se retratar. Nem teria cogitado de mencionar, como em janeiro, a possível instalação, no Brasil, de uma base militar americana.

A recuar da intenção de mexer no teto de gastos, o presidente repetiu um quase ritual. Acertou, como em outras ocasiões. Mudar de ideia, quando necessário, é elogiável. Mas por que recuar tantas vezes? Também elogiável, e muito mais prudente, é pensar antes de falar, consultar quem conhece cada assunto e, no caso de um governante, distinguir os verbos mandar e governar e jamais confundir autoridade com autoritarismo.


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