Este foi o Editorial do Wall Street Journal da última segunda-feira, dia 8.
Um dia após o primeiro turno das eleições brasileiras.
Editorial, como vocês sabem, representa a opinião do jornal.
A tradução é do Departamento de Linguística do JBF, comandado pela eficiente linguaruda Chupicleide.
Quem quiser ler no original, basta clicar aqui .
“Os progressistas globais estão tendo um ataque de ansiedade após o quase-triunfo de domingo do candidato presidencial conservador do Brasil, Jair Bolsonaro. Depois de anos de corrupção e recessão, aparentemente milhões de brasileiros acham que um outsider é exatamente o que o país precisa. Talvez eles saibam mais do que os críticos ao redor do mundo.
Bolsonaro obteve surpreendentes 46%, pouco menos que os 50% necessários para vencer no primeiro turno. Ele agora é favorito contra Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo que teve 29%. O segundo turno é em 28 de outubro.
Bolsonaro, que passou 27 anos no Congresso, é descrito como um populista conservador que promete tornar o Brasil grande pela primeira vez. O candidato de 63 anos está seguindo os valores tradicionais e freqüentemente diz coisas politicamente incorretas sobre políticas identitárias que inflamam seus oponentes. No entanto, ele atraiu o apoio da classe média ao se comprometer a reduzir a corrupção, reprimir o crime desenfreado no Brasil e libertar os empresários do controle do governo.
Ele não chegou a prometer privatizar totalmente a estatal Petrobras, mas seu assessor econômico disse que venderia suas subsidiárias, desregulamentaria grande parte da economia e restringiria os gastos do governo. Quanto à criminalidade, prometeu restaurar a presença policial em áreas urbanas e rurais que se tornaram sem lei.
Os oponentes alegam que Bolsonaro elogiou as forças armadas e, algumas vezes, o regime militar de 1964-1985, sugerindo que ele é uma ameaça à democracia. Mas ele não está propondo mudar a constituição, que limita o poder dos militares no país.
Por outro lado, Haddad quer reescrever a constituição para incluir uma assembléia constituinte ao longo das linhas do modelo venezuelano. Ele também quer mudar a forma como as promoções militares são feitas, dando o poder ao presidente. Isto é algo tirado diretamente do manual de Hugo Chávez.
Haddad é o candidato escolhido a dedo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está cumprindo uma sentença de 12 anos por suborno, mas, continua a ser um herói da esquerda. Lula aproveitou o boom das commodities para ganhar popularidade nos anos 2000, mas ele e sua sucessora geriram mal a economia e um escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras manchou grande parte da classe política.
O pequeno Partido Social Liberal, de Bolsonaro, carece de dinheiro e da máquina de que dispõe o Partido dos Trabalhadores (PT) de Haddad, mas Bolsonaro é quem está em alta no momento. O PT continua com o maior bloco da Câmara dos Deputados, com 56 representantes, mas o partido de Bolsonaro elegeu 52 e conquistou quatro cadeiras no Senado. O PT se saiu bem em sua fortaleza tradicional do Nordeste, mas não conseguiu eleger um governador no resto do país.
Depois de tanto tumulto político e corrupção, não é de surpreender que os brasileiros estejam respondendo a um candidato que promete algo melhor.”