Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sábado, 10 de agosto de 2019

EDITORIAL: ABISMO DE INCOMPREENSÃO

 

Abismo de incompreensão

Para Jair Bolsonaro, ser presidente da República é ter tudo sujeito ao seu arbítrio, sem procedimentos, critérios decisórios ou esferas de competência

Notas e Informações, O Estado de S.Paulo

10 de agosto de 2019 | 03h00

Em junho, o presidente Jair Bolsonaro manifestou incompreensão a respeito do papel das agências reguladoras, ao vetar trechos importantes do marco regulatório das agências aprovado pelo Congresso. Em vez de fortalecer sua autonomia, Bolsonaro optou por torná-las mais dependentes do poder político. Recentemente, voltou a manifestar sua obtusa visão sobre o Estado. Na inauguração de uma indústria farmacêutica em Itapira, criticou o papel das agências reguladoras e fez menção à sua atuação como parlamentar, quando fez resistência à modernização do Estado.

Com seu caráter técnico, independente do poder político, as agências reguladoras têm papel fundamental na garantia da qualidade dos serviços públicos prestados pelas concessionárias privadas, além de transmitir segurança jurídica a setores sujeitos a pressões políticas e econômicas. Muito do que se pôde avançar, por exemplo, na qualidade dos serviços de telefonia só foi possível graças ao processo de reforma do Estado brasileiro iniciado na década de 90 do século passado. Com a privatização de muitas empresas estatais e a concessão de serviços públicos a grupos privados, era necessário prover o Estado de uma nova capacidade regulatória que, livre de pressões político-partidárias, protegesse o interesse público nessas áreas. Cada vez que a ele se refere, Jair Bolsonaro reitera que nada entendeu deste processo.

 Mas, a rigor, o que se viu nos primeiros sete meses de governo é muito mais grave do que a mera incompreensão do presidente da República do papel das agências reguladoras, o que por si só representa um retrocesso de duas décadas de administração pública, o que certamente a população não deseja que ocorra.

Com suas palavras e atos, Jair Bolsonaro revela uma fantástica incapacidade de compreender as regras mínimas de funcionamento de toda organização, seja ela pública ou privada, lucrativa ou beneficente. Segundo seu modo peculiar de tratar os assuntos, não deve haver procedimentos, critérios decisórios ou esferas de competência. Tudo deve estar sujeito ao seu arbítrio. Nesse sentido, afirmar que o presidente Jair Bolsonaro tem uma visão específica do Estado é não captar o abismo de incompreensão que se encontra atualmente instalado no Palácio do Planalto. O problema não é que ele tenha uma visão anacrônica do Estado. Por sua atuação e por suas palavras, ele torna evidente a ausência de qualquer visão sobre a estrutura e o funcionamento de uma organização. O que dizer, então, do seu entendimento sobre a complexa organização do Estado, com seus Poderes, suas esferas, suas regras, seus limites e seus controles?

Para Jair Bolsonaro, ser presidente da República é ter o arbítrio – sem necessidade de nenhuma justificativa que não seja seu capricho – de interferir na propaganda do Banco do Brasil ou no preço que a Petrobrás cobra pela gasolina. É poder indicar o filho para a embaixada em Washington, porque assim o deseja. É desrespeitar a memória do pai do presidente da OAB, porque ficou incomodado com a atuação da entidade. Como é imperioso, não se dá nem mesmo ao trabalho de conhecer a realidade. Em vez de se informar por fontes fidedignas, busca aquele cordão que a cada dia aumenta mais.

Deve-se recordar, no entanto, que há uma Constituição, a qual o presidente Jair Bolsonaro jurou respeitar e defender no dia 1.º de janeiro de 2019. Ainda que atue como se não existisse organização do Estado, não pode ignorar a Carta Magna. Há regras, limites, esferas e controles. Jair Bolsonaro não tem mandato para desconstruir o Estado brasileiro. Sobre o que pretenderia – se é que pretende – construir no lugar, ainda não se ouviu nenhuma palavra. O que disso se pode inferir é simplesmente terrível.


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