Este texto foi escrito em parceria com meu filho, Luis Antonio Tavares Portella, que está cursando Biologia na Unicap.
Filme Epidemia (1995), com Dustin Hoffman, Morgan Freeman… baseado em fatos do Ebola
Ebola, também conhecida como doença por vírus Ebola ou Febre Hemorrágica do Ebola, é uma zoonose (doença que é transmitida de animais para humanos e que pode ser causadas por bactérias, parasitas, fungos e vírus) de quadro grave que possui como sintomas principais: febre, cefaleia (dor de cabeça) muito forte, fraqueza muscular em todo o corpo, dor nas articulações e na garganta e calafrios recorrentes. É conhecida por matar mais da metade dos pacientes infectados. Seu contágio é físico; não se espalha pelo ar.
O vírus do Ebola (Ebolavírus), é um assassino silencioso que já matou mais de quinze mil vidas desde sua descoberta em 1976. Foi identificado inicialmente em 1976 na República Democrática do Congo (então conhecida como Zaire). Pertence à família dos filovírus (Filoviridae) dentro da ordem dos Mononegavirales. Ganhou esse nome a partir do Rio Ebola, no norte do país, que fica próximo ao local da primeira epidemia, que se deu em 1976.
Cinco subtipos já foram identificados: Zaire ebolavirus (ZEBOV), Sudan ebolavirus (SUDV), Reston ebolavirus (RESTV), Taï Forest (Floresta de Tai) ebolavirus (TAFV) e Bundibugyo ebolavirus (BDBV). Circula na natureza entre morcegos frugívoros, considerados o repositório natural do vírus. Apesar de possuírem o vírus, os morcegos não desenvolvem a doença. A partir dos morcegos o vírus pode “pular” para outros mamíferos, como antílopes, porcos-espinhos, e alguns símios, e a partir destes, para o homem.
É transmitido entre humanos através do contato próximo e direto. Uma pessoa saudável é infectada por entrar em contato com os fluídos corporais (sangue, vômito, fezes, espermas) de um paciente doente. Diferente da Influenza (gripe) e da COVID-19 (Coronavírus SARS CoV 2), não é transmitida pelo ar, o que a torna uma doença muito menos contagiosa e de melhor prevenção do que outras doenças virais. Apesar destas características favoráveis para nós, possui números assustadores de mortalidade: em média em torno de 50% e em alguns casos 90% dos infectados vão a óbito. A febre alta, dores no corpo inteiro e hemorragia são seus sintomas mais graves. Muitos sobreviventes possuem sequelas, como artrite, perda de visão e audição ou até mesmo cegueira.
Algumas vacinas existem. A primeira, do grupo norte-americano Merck Sharp and Dohme (Merck & Co.), mostrou alta eficácia protetora contra o vírus, segundo estudos realizados na Guiné em 2015. A OMS a pré-qualificou para uso em novembro de 2019. Já foram administradas mais de 300 mil doses em uma campanha de vacinação na República Democrática do Congo, país com vários casos registrados.
Uma segunda vacina experimental foi desenvolvida pelo laboratório norte-americano Johnson & Johnson, sendo introduzida de forma preventiva em outubro de 2019 em áreas próximas aos epicentros onde o vírus ainda não está presente. Cerca de 20 mil pessoas foram imunizadas.
A pior epidemia registrada na história é recente, teve início no sul da Guiné em dezembro de 2013 e se espalhou para os países vizinhos da África Ocidental. Foram registrados quase 29 mil casos da doença, destes, mais de 11 mil mortes. A OMS declarou a epidemia controlada em 2016.
De 2016 a 2021, várias “situações epidêmicas” foram registradas, o que adicionou para o histórico da doença mais de 2 mil mortes. Recentemente, em 7 de fevereiro, outro surto da doença foi detectado no leste da República Democrática do Congo, onde a OMS enviou uma equipe de epidemiologistas após a morte de uma mulher. Uma semana depois, no dia 14, a Guiné confirmou o aparecimento de mais sete casos, três deles fatais, no sudeste do país. Fica claro que a batalha está longe do fim e o risco de outra epidemia continua presente. Isso demonstra para os epidemiologistas que precisamos de monitoramento constante e nunca devemos baixar a guarda enquanto o assassino se esconder entre nós.
Em 1995, o veterano diretor Wolfgang Petersen, que já dirigiu “Tróia” (2004), “Poseidon” (2006), “A História Sem Fim” (1984), “Na Linha de Fogo” (1993), dentre outros filmes desastres, utiliza seu know-how em thrillers para conceber uma narrativa de horror e transpor para a telona, de forma contagiante e equilibrada, o livro de não ficção do escritor Richard Preston, “The Hot Zone” (A História do Ebola), baseado na história do vírus, que no Brasil recebeu o título de “Epidemia”, suspense com atuações magníficas de Dustin Hoffman, Morgan Freeman, Cuba Gooding Jr., Rene Russo e outros.
“A sinopse do filme mostra a história de um vírus letal que extermina a população e os animais de uma pequena tribo do Zaire, em 1967. O governo então decide criar a operação “Limpeza Total”, onde um avião lança uma bomba no acampamento no qual as pessoas estavam contaminadas… Porém, alguns macacos conseguiram fugir. Um macaco, portador do vírus, é contrabandeado para a pequena cidade fictícia de Cedar Creek, na Califórnia, e contamina o jovem Jimbo (Patrick Dempsey). Em pouco tempo, a doença começa a mostrar sinais de que está se espalhando a uma velocidade assustadora. Ao lado de sua ex-esposa, Dr.ª Robby Keough (Rene Russo), o Coronel e Dr.º Sam Daniels (Dustin Hoffman) e sua equipe de médicos do exército norte americano lutam contra o tempo para descobrir o antídoto para a cura do vírus mortal. Durante o filme, várias pessoas de sua equipe de pesquisas são infectadas, o que provoca pânico e a necessidade de acabar com o vírus o mais rápido possível, de uma vez por todas.” (Wikipédia).
Por mais que agora ressoe entre outros títulos, devido a um dos momentos mais angustiantes desde a peste espanhola em 1918, esse filme merece ser visto e revisto dadas a intensidade e humanidade com que seus personagens são apresentados e a envolvência com que a direção é realizada, cujo mérito é transportar o público para dentro de um profundo estado de calamidade.
Epidemia (Outbreak, 1995) – Trailer
Algumas curiosidades sobre o filme Epidemia