Como você, em pessoa, estaria se sentindo se estivesse entalado num processo penal pouco promissor e lhe acontecessem as seguintes coisas, uma depois da outra:
- O juiz (e juiz bravo, que não tem o menor medo de você, tipo Sérgio Moro) pede em audiência que você lhe mostre os recibos dos pagamentos de aluguel que, segundo seus advogados e seus próprios depoimentos, você diz ter feito pela locação de um apartamento em São Bernardo, na grande São Paulo. A suspeita é que você seja o dono, ou então use o imóvel de graça, como propina recebida de uma empreiteira de obras públicas. Você diz que não, de jeito nenhum, que o apartamento é alugado – e a prova disso é que sempre pagou direitinho os aluguéis.
- Você diz que não sabe onde estão os recibos – é uma prova absolutamente primária para dar crédito à alegação de qualquer inquilino deste país e deste mundo, e sem ela você não tem como comprovar que pagou os tais aluguéis. Seus advogados também não. Todo o que vocês dizem é que a papelada talvez estivesse com a sua ex-mulher, que morreu em fevereiro último, e não pode esclarecer nada a respeito. É ela, aliás, a responsável por tudo que diga respeito ao seu dinheiro. Já responderam a mesma coisa em relação a diversas outras perguntas do juiz: “Isso quem pode saber é a Marisa”.
- O juiz faz uma cara de quem não acreditou numa única sílaba da história que lhe contaram sobre os recibos, e depois de outras questões, encerra a audiência. Você sai preocupado.
- Seus advogados, então, encontram subitamente, alguns dias depois, todos os recibos que estavam sumidos – tão sumidos que não tinha sido possível levá-los para o fórum no momento em que eram mais importantes, ou seja, no interrogatório do cliente. Você pergunta aos advogados: “Mas porque diabo vocês não me apareceram com esses recibos antes? Ou é tudo falso?”
- Talvez fosse melhor que não tivessem achado nada. Os recibos de aluguel que os advogados enfim descobriram dão conta de vencimentos em dias que não existem no calendário gregoriano em vigor no Brasil desde 1582 – 31 de junho e 31 de novembro. São assinados em datas que caem em sábados ou domingos. Seis deles dão como local da assinatura o município de São “Bernanrdo” – nada tão parecido com cópias de um mesmo papel que guardaram o erro do texto original e depois receberam datas diferentes. Quem é que vai repetir seis vezes o mesmo erro de digitação? Enfim, o autor das assinaturas alega que assinou tudo num mesmo dia, num hospital – quando um dos seus mais amigos mais próximos, que corretou essa história toda de aluguéis, tinha acabado de ser preso.
- O que você diria para a sua equipe de advogados, que por sinal já o conduziu até a beira do abismo em você está agora: “Belo trabalho, galera. Calamos a boca desse Moro”. Ou diria: “Como é que vocês pretendem me absolver desse jeito?”
É isso, muito precisamente, que está acontecendo hoje com Lula. A cada dia que passa, é preciso um novo esforço sobre-humano para acreditar em qualquer coisa que ele diga – e, a cada dia, ele próprio e sua espantosa equipe de defensores inventam mais e mais fábulas fabulosas para tentar salvar-lhe o couro. Qual será a próxima? Se deixarem por conta da presidente do PT e o restante do comando petista de hoje, é capaz de pedirem a abertura de um processo internacional pela anulação da bula papal “Inter Gravissimas”, baixada pelo papa Gregório XIII em fevereiro de 1582 para criar o calendário que seguimos até hoje – e no qual não é possível encontrar os dias 31 de junho nem 31 de novembro. Está na cara que isso foi feito, com séculos de antemão, para “não deixarem” Lula ser “eleito em 2018” e continuar seu programa de ”reformas sociais” que permitiu aos pobres viajarem de avião. É de fato muito duro enfrentar essa burguesia que está aí há 500 anos.