No Natal as famílias cristãs reúnem-se para comemorar o nascimento de Jesus, há troca de presentes, ceia com peru e outros pratos, finas iguarias, até um pão especial foi inventado por um italiano chamado Tom para comemorar o Natal, o panetone. As famílias mais pobres e os miseráveis não têm direito ao Natal gastronômico etílico, se divertem perambulando pelas ruas, encantando-se, fascinados com as luzes da cidade. Poucos são indiferentes ao Natal, é quando a vida faz um intervalo comemorando a fraternidade, a bondade, a gentileza.
Em minha adolescência li um livro que se tornou inesquecível, o genial escritor inglês Charles Dickens em “UM CONTO DE NATAL” narra uma história que mostra o significado natalino, tocando o coração do leitor.
A história se passa em Londres, nos meados do Século XIX, auge da Revolução Industrial. Em meio ao frio e à neve da cidade, à véspera do Natal, todos se preparam para a celebração do nascimento de Cristo. As donas de casa ocupam-se com seus assados, os homens, ansiosos, não vêm a hora de voltar para casa, e as crianças perdem o sono pensando nos presentes. Apenas uma pessoa não parece feliz com o Natal: o velho Scrooge, homem de negócios, sovina, ranzinza e solitário, quer que os pobres se explodam para acabar com o crescimento da população. Ele não vê razão para tanta alegria e inquieta-se com a folga que terá de dar a seu secretário no dia de Natal. Sozinho em seu escritório, trabalhando noite alta na véspera de Natal, Scrooge recebe a visita do fantasma de Marley, seu falecido sócio, que se arrepende de ter passado a vida atrás do dinheiro. Ele leva Scrooge em uma viagem inesquecível para tentar salvá-lo enquanto é tempo por intermédio de três espíritos que representam o Natal. Eles lhe ensinam que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar riquezas. E o pão-duro no final de ver tantas histórias mostradas pelos espíritos, se transforma num homem generoso. Dickens, brilhantemente evocou o Natal como um momento de redenção contra a avareza, um intervalo de fraternidade em meio à competição cruel do capitalismo industrial.
Outro dia, em minhas releituras, me deliciei com “UM CONTO DE NATAL”, Dickens soube mais que ninguém mostrar a necessidade do ser humano em sentimentos fraternais, pelo espírito natalino.
Hoje o Natal está sofisticado, em todas as cidades do mundo há um esparramar de luzes, de brilho nas ruas, nos prédios, nas casas. Cidades como Gramado tem o Natal como a maior fonte de renda, o turismo começa em novembro com muita festa, apresentação de shows natalinos. Duas vezes já viajei a Gramado levando meus netos, é um Natal espetaculoso, porém a cultura alemã é predominante, anões, cervos, neves, danças folclóricas germânicas. A meninada se diverte em sonhos naquela cidade.
Outro dia conversando na Confraria dos Barrigas Brancas na Barraca Pedra Virada (Barriga Branca no Ceará é homem mandado pela mulher) o professor Radjalma Cavalcante dava uma sugestão. Maceió ser uma espécie de Polo do Natal Nordestino, afinal em Alagoas existem 36 espécies de folguedos natalinos ricos e coloridos.
Parece que o Prefeito Rui ou o Secretário Vinicius Palmeira ouviu esse apelo e de repente Maceió se transformou numa cidade cheia de luz no período natalino. A noite está belissimamente decorada com luminárias entre os coqueiros e amendoeiras. Ainda por cima a Prefeitura está realizando uma programação de folguedos que me transportaram para juventude, mostrando que nossas tradições não estão mortas, com apresentação de pastoril, coco de roda, e todo folclore. No sábado 23 haverá uma programação imperdível na orla, uma virada musical natalina e muito folclore. Para meus olhos nordestinos, bairrista, nosso natal está mais bonito que o Natal alemão de Gramado.
E não é só Maceió, algumas cidades do interior estão se acendendo para o Natal. Passei em Palmeira dos Índios a ornamentação e programação com autos natalinos está encantadora.
Há quem não goste de Natal, dizem ser uma festa triste e nostálgica, a tristeza está na alma de cada um. Como tenho uma alegria intrínseca dentro de uma alma carnavalesca, faço de meu Natal um Carnaval. Pela manhã do dia 24 minha dileta companheira oferece um café de Natal à família com poesia, música e folclore, começa às 7 h às vezes termina ás 17 h. À noite saímos pelas ruas cintilantes de Maceió, terminando com um bom uísque na casa de algum amigo. Bom Natal. Boas Festas aos amigos. Jingle Bells para todo mundo.