Há uma semana estou sem Internet. Desconectei-me do virtual mundo. Ainda bem. A partir daí, voltei a avistar flores no meu jardim, a encantar-me com os azuis do meu céu e a sentir os cheiros do meu pomar. Revi passarinhos há tempos esquecidos, cantando cantigas bonitas que meus ouvidos estavam desacostumados a escutar. Notei o vento brando das tardes de dezembro acariciando meu peito com muito mais delicadeza que a tela de um insensível notebook. Reli cartas antigas, daquelas que ninguém mais escreve ou lê e que não conseguimos deletar do âmago da alma. Não se parecem nem um pouco com os imeios chatos e cheios de emojis que vivo a receber (e mandá-los à lixeira). Encontrei, outra vez, a vida real, esta sim, bem conectada, sem os efeitos da queda do sinal. Descobri a contemplação do nada e voltei a catar palavras para que amanhã se transformem em verso. Como digo numa canção antiga que compus, cantada por Irah Caldeira: me embriaguei do hoje para que o amanhã sorria. Ler um livro, pegar um papel em branco, um lápis, buscar rimas e perceber uma poesia a brotar são prazeres revisitados. O que achava não mais existir estava lá no alpendre, branquinha e com varandas também alvas, alcovitando e ‘prazerando’ o meu balançar. O encontro de meu corpo com a rede é o que agora me interessa. Ao lixo os ZAPs, os Facebooks e os Instagrans. Sobrou-me tempo para dedicar atenção aos meus, para jogar para bem dentro do coração palavras antes não ditas, para abraçar a quem amo, para afagar os netos com carinho triplicado, gozando a alegria de ser avô. Pensando bem, ainda bem que estou sem Internet. Acho que nem vou mais precisar dela.
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