Ronaldo José da Cunha Lima (Março/1936 – Jul/2012)
– 1 –
Numa sexta feira meio dia, Ronaldo entra num restaurante em Campina Grande e de uma mesa lotada parte um bebinho de braços abertos:
– Meu governador.
Ronaldo abraça o bebinho:
– Meu amigo.
O bebinho:
– De onde o senhor me conhece?
Ronaldo:
– De um bar.
O bebinho se virando pros amigos:
– Eu não disse que ele ia me reconhecer?
* * *
– 2 –
Essa outra foi em João Pessoa, na saída de um restaurante, quando se dirigia ao carro oficial de governador e um bebinho maltrapilho, todo lascado parte em sua direção:
– Doutor Ronaldo, eu queria pedir um favor ao senhor.
– Pois não, peça.
– Era se o senhor podia me levar em casa que eu tô sem nenhum pra passagem.
Ronaldo:
– O amigo mora aonde?
– No Cristo.
Ronaldo:
– Pode entrar.
O bebinho senta do lado do motorista naquele carrão preto do tamanho do mundo, com o governador da Paraíba na parte traseira e acompanhados pela segurança, entram naquelas ruas estreitas rumo à favela do Cristo.
O inusitado da presença causa espanto aos moradores que saem aos montes movidos pela curiosidade e o bebinho lá na frente naquele carrão, se sentindo o próprio dono do pedaço. Entram e saem de becos e ruelas, quando o bebinho ordena:
– Pronto, pode parar naquela barraca.
O motorista para, o bebinho desce, se dirige ao governador:
– Quer descer, doutor Ronaldo?
– Não, obrigado.
Ai o bebinho se vira pros companheiros da barraca, todos paralisados, sem acreditar no que estão vendo.
– Olha aí bando de fíi de rapariga, vê quem tá me trazendo pra casa. Esculhamba comigo agora! Eu sô tão fraquinho.
O governador sorriu e partiu rumo ao seu destino. E aquele anônimo bebinho ficou com mais uma história pra contar.
Tão fraquinha….