A poetisa Constância Uchoa, caicoense de Mossoró, sempre muito inspirada e gastando o dom de usar as palavras como poucas pessoas, criou e me enviou há cerca de ano o seguinte mote:
“Quem se cobre de sonhos se descobre
Muitas vezes coberto de ilusão.”
Por acaso ontem eu voltei a ter contato com os versos do mote, e desenvolvi duas glosas a partir deles.
E nelas eu disse bem assim:
Seu amor foi quimera, pouca chama,
Assombrando um pouquinho, nada além
Foi faísca apagada, fogo sem
O poder de queimar lençóis de cama.
Acendeu labareda só da fama
De ser mais que o calor na combustão
Seu desejo é pavio de lampião
Sem o gás alcançar, é fogo pobre
“Quem se cobre de sonhos se descobre
Muitas vezes coberto de ilusão.”
Foi um facho de luz a incomodar
Prometendo esquentar, não esquentando
Que jurou me abrasar, não abrasando…
Se apagou muito antes de queimar.
Seu amor foi somente um debochar,
No desdém esfriando essa paixão,
Num problema de amar, sem solução,
No desejo de gozo em falso exprobre
“Quem se cobre de sonhos se descobre
Muitas vezes coberto de ilusão.”