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Velório durou três horas e reuniu cerca de 60 pessoas. Durante o enterro, o pai do motorista agradeceu aos presentes e pediu orações à família
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Parentes e amigos do motorista de transporte por aplicativo Roosevelt Albuquerque da Silva, 31 anos, reuniram-se, na tarde de ontem, na Capela 4 do Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul, para prestar as últimas homenagens ao trabalhador, vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), após atender a uma corrida por app, na noite de terça-feira, na Área Central de Brasília. O sepultamento foi marcado por dor, revolta e pedidos por justiça.
A cerimônia fúnebre durou três horas e reuniu cerca de 60 pessoas. Inconsolável, a mulher da vítima, Juliana Simplício, 35, precisou ser acalmada pelos familiares. “Por que isso foi acontecer, meu Deus? Me dá uma resposta para aliviar o meu sofrimento. Alguém me diz o que fazer, por favor. Procurei meu filho pela casa e quando o achei, ele estava atrás da porta chorando. Meu outro filho menor pegou uma arma de brinquedo e disse: ‘Mamãe, ninguém vai matar você.’ Estou desesperada”, lamentou a professora.
Em entrevista ao Correio, na quarta-feira, a mulher contou que o marido foi demitido no começo da pandemia do emprego, onde atuava como agente de portaria. Com dívidas, há uma semana, ele tinha começado a trabalhar como motorista por aplicativo. A intenção era quitar alguns boletos e comprar o presente e o bolo de aniversário do filho mais novo, que completará 5 anos em 8 de dezembro.
Durante o enterro, o pai do motorista, Roosevelt Corrente, agradeceu aos presentes e pediu orações à família. “Espero que ninguém nunca sinta essa dor que estou sentindo. Esperamos que um filho enterre o pai, mas que nunca um pai sepulte o filho. Minha esposa está muito abalada e não conseguiu vir. Ela está sob efeitos de remédio e não consegue dormir. A todos, eu agradeço por compartilhar esse momento comigo, porque a dor é tremenda”, disse, emocionado. Roosevelt deixou a mulher e os dois filhos, de 4 e 7 anos.
Insegurança
No dia do crime, Roosevelt saiu de casa por volta de 13h para trabalhar. Por volta de 22h, ele atendeu a uma corrida na Asa Norte com destino a Sobradinho.
Durante o trajeto, dois criminosos, Whallyson Maicon
Lima, 22, e um adolescente, 17, anunciaram o assalto. Segundo o delegado-chefe da 13ª DP, Hudson Maldonado, para não deixar rastros, eles resolveram matar o trabalhador. “O colocaram de joelhos e dispararam duas vezes na região da nuca. Em seguida, fugiram com os pertences e carro da vítima”, detalhou. Na manhã de quarta-feira, o corpo de Roosevelt foi encontrado no Polo de Cinema, em Sobradinho.
Dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) mostram que, entre janeiro e julho deste ano, sete motoristas de transporte por aplicativo foram assassinados enquanto realizavam corridas. No mesmo período do ano passado, houve três vítimas.
Presidente do Sindicato dos Motoristas Autônomos de Transportes Privado Individual por Aplicativos no Distrito Federal (Sindmaap-DF), Marcelo Chaves garante que o órgão orienta, frequentemente, os trabalhadores para evitar assaltos. “É preciso tomar cuidado antes de pegar o passageiro. Parar e olhar. Claro que roupa não vai dizer nada, mas é preciso ficar atento, principalmente se a região for de risco”, argumentou.
Presente no velório, Leandro Lemos, 32 anos, trabalha como motorista de app há três anos e conta que nunca sofreu tentativa de assalto durante o serviço, mas questiona algumas medidas de segurança. “Todos os dias somos obrigados a tirar foto do nosso rosto para saber que é você que está trabalhando. Por que o passageiro não pode tirar também? Temos de ter segurança também e saber quem estamos levando”, criticou.