DONA CHICA
Raul Bopp
A negra serviu o café.
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– A sua escrava tem uns dentes bonitos dona Chica.
– Ah o senhor acha?
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Ao sair
a negra demorou-se com um sorriso na porta da varanda.
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Foi cantando uma cantiga casa-a-dentro.
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Ai do céu caiu um galho
Bateu no chão. Desfolhou.
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Dona Chica não disse nada.
Acendeu ódios no olhar.
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Foi lá dentro. Pegou a negra.
Mandou metê-la no tronco.
– Iaiá Chica não me mate!
– Ah! Desta vez tu me pagas.
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Meteu um trapo na boca.
Depois
quebrou os dentes dela com um martelo.
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– Agora
junte esses cacos numa salva de prata
e leve assim mesmo,
babando sangue,
pr’aquele moço que está na sala, peste!