Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Fernando Antônio Gonçalves - Sem Oxentes nem Mais ou Menos terça, 29 de novembro de 2022

DOMINGO DE MEDITAÇÕES E ESPERANÇAS (CRÔNICA DE FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

DOMINGO DE MEDITAÇÕES E ESPERANÇAS

Fernando Antônio Gonçalves

Publicado em 

 

Neste domingo de Ressurreição 2022, desejando uma Feliz Páscoa para todos os meus irmãos brasileiros, deparo-me com uma questão que ainda inquietando milhões de cristãos nos quatro cantos do mundo: é realmente importante, para uma religião cristã, a tradição segundo a qual Jesus teria ressurgido da morte?

Respondo sem titubear que sim, principalmente quando li, ainda universitário, a Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, quando ele escreveu: ”Se Cristo não ressuscitou é inútil a vossa fé.”

Neste Domingo da Ressurreição, sempre espiritista estudioso e carente, permaneço solidário com a “vida e morte severina” de milhões de irmãos terrestres, vítimas de guerras, pandemias assassinas, fome e desinstruções. E revejo mentalmente a lavada de mãos de Pilatos, uma cena bíblica descrita pelo evangelista Mateus. E nela identifico as pusilanimidades de inúmeros dirigentes públicos, todos eles travestidos de Pilatos, acovardados, acuados, subservientes, jamais críticos por receio das retaliações das personalidades fantasiadas de messias, atualmente mais preocupadas com as táticas e os conluios reeleitoreiros.

Fico a imaginar o interior de Pilatos, naquele momento decisivo, tal e qual os que se estão omitindo diante das mortes proporcionadas pelo Covid-19, pelo desemprego, pela fome e pelas doenças primárias que há muito já deveriam estar fora das preocupações sanitárias. E repugnam-me todos aqueles que, não assumindo a responsabilidade dos seus atos, despojam-se acanalhadamente do direito de exprimir sua criticidade, mais preocupados com seus futuros políticos, pouco se lixando se transfigurados de vacas de presépio, classificados, para todo o sempre, de exemplos maiores de posicionamentos cagônicos.

No mundo contemporâneo ainda pululam inúmeros abjetos Pilatos, irresponsavelmente descomprometidos diante dos problemas que clamam por soluções imediatas e duradouras. Para citar apenas três estatísticas internacionais terrificantes, divulgadas por uma revista de circulação semanal: a) 1 em cada 5 adultos, na Europa e nos Estados Unidos, é atualmente classificado como analfabeto funcional; b) 1/4 do exército suíço não sabe calcular uma percentagem; c) 44% da população canadense nunca escreveram uma carta e 77% dela nunca puseram os pés numa biblioteca pública. Para não mencionar, no Brasil, a tuberculose, o dengue, a lepra e a malária que ainda pontificam em alguns cenários brasileiros. E as secas, enchentes, os desmoramentos e as inúmeras áreas não saneadas, inclusive metropolitanas, irmãos siameses, imbricações perfeitas, fenômenos sanáveis se vontade política séria fosse transformada em ações executadas efetivamente redentoras.

Inúmeros, atualmente, são os seguidores de Pilatos. Quedam-se desvirginados civicamente, lambuzam-se em imediatismos ridículos e grotescos, muitos se comportando incoerentemente com seus passados de altivez e dignidade. Chafurdam nas antessalas das autoridades, gozando freneticamente das desgraças alheias, as lágrimas e os desesperos sendo argumentações desimportantes, mesmo quando o assunto é a melhoria das condições de vida de populações na miséria.

Diante de tanta opressão e de tantas amarguras, inúmeras são as tentações de também pedir uma bacia para lavar as mãos, tornando-se mais um desses embrutecidos, moralmente desfigurados, que escrotamente tentam nos representar em diversos ambientes políticos do país.

Iludem-se, entretanto, os que se utilizam das técnicas de enganação. Embora seja possível enganar todos por pouco tempo, jamais se engabelará todos por todo tempo.

Sobreviver à tempestade é dever dos fortes de espírito. Renascer a cada instante é ter disposição para sempre travar o bom combate, quaisquer que sejam as circunstâncias adversas. Realimentar a pira da esperança é acelerar a derrocada dos reis, barões e príncipes consortes da maldade e dos cinismos antissociais, radicalmente desumanos.

Que entendam as lideranças legítimas nacionais: o desenvolvimento mental jamais poderá prescindir de uma habitação condigna, de educação integral, de uma nutrição adequada, de uma assistência médico-hospitalar mais que satisfatória. A insuficiência disso tudo redunda em prejuízos irreversíveis sobre o desenvolvimento de todos, mormente o infantil. E a insuficiência quantitativa de cérebros capacitados poderá acarretar uma definitiva condenação nossa à perene classificação de nação mentalmente subdesenvolvida. Sem eira nem beira, descendo em plena ladeira, calças nas mãos, cus ao léu.


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