Seguindo uma tendência de depreciação global, o dólar caiu expressivos 2,67% no câmbio brasileiro e encerrou o dia vendido a R$ 5,03 — menor nível desde a primeira quinzena de junho deste ano. Operadores do mercado financeiro já veem o dólar sendo negociado entre R$ 4,50 e R$ 4,75 se o governo não fizer nenhuma estripulia na área fiscal.
Segundo o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, tecnicamente, a moeda norte-americana está mais para R$ 4,50 do que para R$ 5,50. Padovani reconhece que o câmbio está muito volátil, porque há expressiva cautela com as incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Contudo, há a consciência de que um dólar a R$ 5,80, como se observou semanas atrás, está descolado da realidade.
Para o economista, os fundamentos sugerem um dólar a R$ 4,50. E lista os motivos: a moeda norte-americana está caindo em todo o mundo, o euro está se valorizando, os preços das commodities estão em alta, o risco Brasil está em baixa e os juros no país vão subir.
Não é só: em novembro, as eleições nos Estados Unidos afastaram o risco de uma crise geopolítica, com a vitória do democrata Joe Biden sobre Donald Trump. Além disso, está sobrando dinheiro no mercado internacional, por causa dos pacotes de incentivos à economia nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.
Esse fluxo de recursos está migrando para países emergentes, entre eles, o Brasil. Parte do dinheiro é especulativa, de curto prazo, mas há uma parcela que está mais tranquila porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, está conseguindo brecar todas as loucuras que surgem no governo na área fiscal.