João Pereira da Luz, o grande Poeta João Paraibano, Princesa Isabel-PB (1952-2014)
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Severino Feitosa e João Paraibano glosando o mote:
Escutar cantoria sem beber
é dormir uma noite e não sonhar.
João Paraibano
O poeta nasceu com tanto brilho,
que um verso que faz, de nada ensaia,
no momento que está levando vaia,
pensa ser nenhum tipo de elogio,
eu na noite que estou cantando frio,
quando um copo tiver para esquentar,
que é mais fácil o poeta se inspirar
no momento do álcool lhe aquecer.
Escutar cantoria sem beber
é dormir uma noite e não sonhar.
Severino Feitosa
Sem tomar uma dose de cinzano,
licor, dreher, whisky, rum, cachaça,
é ser músico, cantar em qualquer praça
e não ter um teclado e nem piano,
é fazer uma troca com cigano,
e um canudo do curso não levar,
dar um voto a um parlamentar
que não tem liderança no poder.
Escutar cantoria sem beber
é dormir uma noite e não sonhar.
João Paraibano
Eu não bebo só água de cabaça,
que do álcool também sou dependente,
se faltar uma dose de aguardente,
eu começo a tremer no meio da praça
se faltar uma dose de cachaça,
peço duas de whisky lá no bar,
quem está frio, só pensa em se esquentar
e a borracha não vai se encolher
Escutar cantoria sem beber
é dormir uma noite e não sonhar.
Severino Feitosa
O repente na noite divertida,
pra o poeta que pega no instrumento
para mim só terá contentamento,
com direito a um copo de bebida,
mas não tendo eu comparo a sua vida
com um minuto tristonho de azar,
a mulher toda noite se zangar
não querer no seu corpo se aquecer.
Escutar cantoria sem beber
é dormir uma noite e não sonhar.
João Paraibano
Para um repentista de talento,
fazer verso sem ter uma bicada
é partir pra voltar no meio da estrada
é ver cobra esquecendo de São Bento
ou sair pra fazer o casamento,
levar chifre na porta do altar,
pegar sua semente pra plantar
ver o mesma no chão apodrecer.
Escutar cantoria sem beber
é dormir uma noite e não sonhar.
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João Paraibano e Severino Feitosa glosando o mote:
O poeta é um ser iluminado
que faz verso com arte e sentimento.
João Paraibano
Cada verso que o repentista faz,
para mim tá presente em toda hora,
no tinido do ferro da espora,
na passada que vem dos animais,
na cor verde que tem nos vegetais
nas estrelas que têm no firmamento,
tá na cruz do espinhaço do jumento,
e no vaqueiro correndo atrás do gado.
O poeta é um ser iluminado
que faz verso com arte e sentimento.
Severino Feitosa
O poeta é um gênio que crepita
no espaço azul esmeraldino,
percorrendo as estradas do destino,
sem saber o planeta aonde habita,
sua mente pra o canto é infinita,
cada verso que faz é seu sustento,
é quem sabe cantar o parlamento,
sem ter voto pra ser um deputado.
O poeta é um ser iluminado
que faz verso com arte e sentimento.
João Paraibano
Uma vida vivida no sertão,
uma fruta madura já caindo,
um relâmpago na nuvem se abrindo,
um gemido do tiro do trovão,
meia dúzia de amigos no salão,
nem precisa de um piso de cimento,
minha voz, as três cordas do instrumento,
o meu quadro de louco está pintado.
O poeta é um ser iluminado
que faz verso com arte e sentimento.
Severino Feitosa
O poeta é um simples mensageiro,
que acaba uma guerra e um conflito,
ele sabe cantar o infinito,
todas pedras que têm no tabuleiro,
a passagem do fim do nevoeiro,
que ultrapassa o azul do firmamento,
que conhece o impulso desse vento,
todas as rosas que enfeitam o nosso prado.
O poeta é um ser iluminado
que faz verso com arte e sentimento.
João Paraibano
Foi mamãe que me deu a luz da vida
e me ensinou a viver da humildade,
eu nasci para ter felicidade,
porque toco na lira adquirida,
poesia me serve de bebida,
um concerto me serve de alimento,
uma pedra me serve de assento
e todo rancho de palha é meu reinado.
O poeta é um ser iluminado
que faz verso com arte e sentimento.
Severino Feitosa
O poeta é uma criatura
que procura mostrar, no seu caminho,
toda uva do fabrico de vinho,
e toda planta que faz nossa fartura,
é quem sabe cantar a amargura
da pessoa, que está num sofrimento,
é quem sabe cantar o regimento
do quartel, que Jesus é delegado.
O poeta é um ser iluminado
que faz verso com arte e sentimento.
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UMA CANTORIA
Moacir Laurentino cantando O VELHINHO DO ROÇADO, de autoria do poeta Expedito Sobrinho