Na cabeceira da cama
Dois brincos recém-tirados
Dois brilhos fundos nos olhos
E um xodó bem começado.
Duas pessoas sozinhas
Qual duas casas vizinhas
Com biqueiras encostadas.
São vidas parede-meia
E a bica correndo cheia
Nessa hora de invernada.
Artilharia pesada
Tum-tum-tum de coração
Emoção ali campeia
Abrem-se regos nas veias
Só pra sangue de paixão.
Ali não há pára-choque
Nem outro tipo de pára.
De forma quero-maisista
É tudo mar de conquista
Bonito e cor de arara.
Sem meias e a meia-luz
Meia tiragem de roupa
É gesto suficiente
Prum casal enrabichado.
Rendidos, de mãos ao alto
E pernas pra que me queres
É aquele cabritismo:
Eu quero o que tu quiseres
Aquele chamar na chincha
Aquele corruchiado.
Nu com nu e sós com sós
E o quarto tando fechado
Exploram terreno livre
E também campo minado.
Publicado no livro Bandeira Nordestina Ed. Bagaço – 2006