Fogos, sinalizadores e bandeiras verdes, brancas e grenás — as três cores que traduzem tradição — pelas ruas do Rio de Janeiro. Após vencer a Libertadores, a festa dos torcedores do Fluminense não tem hora para acabar, e talvez nunca tenha. Horas após a final, centenas de tricolores eufóricos se reuniram para compartilhar a alegria de vencer a América. Um dos pontos lembrados nessa hora é o Baixo Gávea, na Zona Sul da cidade.
A história da decisão contribuiu para a alegria geral. Uma vitória por 2 a 1 sobre o Boca Juniors, na prorrogação, com o gol de John Kennedy. Tal qual diz uma das músicas que mais ecoam na arquibancada do Flu, ninguém nunca ficou tão "louco da cabeça" como ontem. É o caso do advogado Leonardo Crivano:
— Primeiro, passei nas Laranjeiras. Desculpa, Mário (Bittencourt). Tive que arrancar um tufo de grama de lá, botei no bolso. Vou juntar com os mosaicos e os balões que eu trouxe de Porto Alegre. É o memorial da Libertadores, e isso não tem preço — contou.
Ele também carregava uma réplica de um capacete medieval, em alusão ao time de guerreiros, comprado pela mãe em uma feira, e que ele nunca imaginou quando usaria. No Maracanã, o artefato não pôde entrar, mas Leonardo deixou em um bar próximo.
Igualmente, a famosa máscara de urso de John Kennedy, herói da campanha e do título, estava pendurada na cabeça de muitos tricolores. Para Luisa Pitta, de 12 anos, o camisa 9 é seu nome mais querido no elenco, agora campeão da América.
— Foi meu primeiro (ídolo). Quando ele não era muito popular, estava na reserva, eu gostava. Falava: "Bota o John Kennedy. Bota o John Kennedy". Agora... nossa... — disse a menina.
A máscara foi comprada pelo pai, o empresário Pablo de Lima, no último Dia das Crianças. Luisa ainda nem era nascida em 2008, no vice-campeonato da Libertadores para a LDU, mas seu pai lembra até hoje do trauma.
— Quem viveu aquilo, agora vai dormir aliviado. Foram 15 anos sofridos, pensando como se fosse o pior dia da vida. Mas foi um momento importante para a torcida do Fluminense. Um movimento que cresceu e que veio de lá. Fechou a ferida — disse o pai.
— A ferida dele abriu há 15 anos. Eu não sei como foi o sentimento. A minha abriu às 17h e fechou às 19h! — brincou a filha.
A família toda estava junta para comemorar. A mãe, a professora Ana Paula Pitta, também se lembra daquele título perdido em 2008. O casal ainda estava namorando quando, no seu aniversário (25 de junho), assistiram juntos à derrota na partida de ida para os equatorianos. O resultado de ontem deixou a família em paz, como estão tantos outros tricolores.
Nesta madrugada, o elenco do Fluminense também teve seu momento de comemoração. Após sair do Maracanã com a taça da Libertadores na bagagem, no fim da noite, o grupo foi a uma festa no Jockey Club, ao lado do Baixo Gávea, festejar em um restaurante. O que importa é que o Flu conseguiu vencer a América, e a celebração será eterna.