Girar em torno do Cruzeiro ao som do frevo, subir e descer a tesourinha com o samba na ponta dos pés ou percorrer as vias com adereços e carros alegóricos é a apoteose da folia de Momo. O que poucos imaginam é que, para o enredo fluir, cada detalhe é costurado nos bastidores por profissionais que vivem do carnaval. Gente movida à paixão e para quem conhecimento e técnica são indispensáveis.
Com um jejum de oito anos, ele acredita que é o momento para escolas de samba e carnavalescos do Distrito Federal se prepararem para a grande festa que se avizinha. "Sem falar das trocas com os profissionais do carnaval do Rio de Janeiro, que vieram ministrar as oficinas em Brasília. Há muita vontade de voltar a desfilar", relata o presidente.
Setembro ritmado
O quarto módulo do projeto está com inscrições abertas para descortinar os segredos de mestre sala e porta-bandeiras; alas coreográficas e comissão de frente de uma escola de samba. As aulas serão ministradas por profissionais do Rio de Janeiro. Após a formação, os alunos desenvolvem oficinas abertas ao público. As inscrições são pelo site www.escoladecarnaval.org.br e ficam disponíveis enquanto houver vagas.
Já a disciplina de alas coreografadas, com 22 vagas, será entre 29 de agosto e 2 de setembro, na antiga Funarte, com Fábio Batista e Dhu Costa, da escola de samba carioca Grande Rio. Eles apresentarão a importância do planejamento e da execução de qualidade de alas coreografadas.
Experiência
Conhecido pelas coberturas televisivas dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, Milton Cunha é o curador da Escola de Carnaval. Com vasta experiência em curadorias em carnavais no Brasil e em outros países, o carnavalesco e cenógrafo se debruça sobre o projeto desde outubro do ano passado. Em fevereiro, desembarcou em Brasília para iniciar os trabalhos práticos.
Ele explica que são quatro eixos artísticos: artes da administração, voltado para os gestores das agremiações; artes da escrita, voltado para narrativas e temas para blocos, sambas-enredos e composições; artes da dança, dividido em oficinas para passistas, mestre-sala e porta-bandeira e alas coreografadas; e artes visuais, a mais extensa, responsável por desenvolver habilidades em transformar textos em fantasias, alegorias e adereços.
Ao se deparar com tanto material, como um ponto de convergência de culturas de todo o país, Milton confessa que se emocionou, principalmente pelas manifestações culturais em sua maioria de origens periféricas. "Fiquei chocado com o fato de essa história não ser algo tombado."
Fundador da Unidos da Vila Paranoá, David do Samba está aproveitando a oportunidade. "Para a gente, a Escola de Carnaval está sendo um ganho muito grande. Nós, das as escolas de samba do DF, estávamos sem forças, mesmo antes da chegada da pandemia. Está sendo um momento de valorização e capacitação dos profissionais envolvidos com o carnaval. Agora vemos a possibilidade de voltarmos mais fortes e qualificados do que antes", anima-se.
O fim do projeto será marcado pelo lançamento de uma revista documentando tudo que foi feito durante a Escola Carnavalesca, como forma de mostrar para a cidade e para os formadores de opinião os caminhos trilhados por cada agremiação que participou do projeto. A publicação, que terá um valor histórico, também trará a linha do tempo do carnaval de Brasília e terá exemplares distribuídos no show final do projeto, marcado para outubro.