Antes era no colchão
Que se guardava dinheiro,
Depois usaram a cueca
Como novo mealheiro
E agora escondem a grana
Na boca do fogareiro.
Quando bateram na porta,
O senador se tremeu,
Olhou pra achar um buraco,
Não achou e resolveu
Pôr três maços de 200
Na porta do camafeu.
Arrumou os três pacotes
Dentro do samba-canção,
Em seguida abriu a porta
Pro Delegado Sansão
E disse: “Aqui é limpeza,
Não temos corrupção!”.
Começou por toda a casa
A busca e apreensão:
Acharam um cofre escondido,
Lá por detrás do fogão,
Todo socado, entupido,
Com mais de meio milhão.
Lá pras tantas, o senador
Disse que ia urinar,
O agente Zeferino
Resolveu o acompanhar
E achou um pouco estranho
Aquele jeito de andar.
Me responda, senador:
Você tá entiriçado?
O passo está bem miúdo,
Parece um pinto piado,
Ou o senhor se assou
Ou está todo cagado.
Foi então que o delegado
Resolveu o quiproquó:
– Senador, tire essa roupa,
Para um exame melhor!
Aí acharam os três maços
Na boca do fiofó.
Em Brasília, Bolsonaro
Ficou muito revoltado,
Retirou da liderança
O senador enrolado
E disse: “Além de ladrão,
Esse tá afolosado!”.
A Direção do BC
Ficou muito indignada:
– Uma nota tão novinha,
Bonita, recém-lançada,
Agora volta pra cá
Amarela e desbotada.
Fizeram o exame da goma
No nobre parlamentar:
Ele sentou numa bacia
E começou a bufar,
Mas não restou nenhuma prega
Pro perito apreciar.
A coisa ficou ruim
Pra quem gosta de contar
Dinheiro passando a mão,
Indicador e polegar,
Na língua velha estirada
Com cheiro de vá lavar.
Inda ontem no Senado,
O líder da oposição
Se mostrava impressionado
Com a força do Chicão:
Ou a nota era pequena
Ou ele tem o Centrão!