Dietas vegetarianas, que excluem a carne animal, e veganas, que também retiram do prato os derivados, como ovos e leite, estão associadas a uma redução “significativa” do colesterol no sangue. É o que mostra um novo estudo publicado na revista científica European Heart Journal, que aponta o benefício no organismo semelhante ao das estatinas – medicamentos utilizados para diminuir o colesterol.
“Descobrimos que as dietas vegetarianas e veganas estavam associadas a uma redução de 14% em todas as lipoproteínas que obstruem as artérias. Isso corresponde a um terço do efeito de tomar medicamentos para baixar o colesterol, como as estatinas, e resultaria em uma redução de 7% no risco de doença cardiovascular em alguém que manteve uma dieta baseada em vegetais por cinco anos”, afirma Ruth Frikke-Schmidt, médica-chefe do hospital Rigshospitalet em Copenhague, na Dinamarca, que conduziu o estudo, em comunicado.
Embora o potencial seja menor, ela destaca que os achados significam que combinar as duas estratégias pode ser uma boa ideia para aqueles que sofrem com altos níveis de colesterol. “Um regime não exclui o outro, e a combinação de estatinas com dietas à base de plantas provavelmente terá um efeito sinérgico, resultando em um efeito benéfico ainda maior”, diz.
Os achados são resultados de uma análise de 30 estudos randomizados realizados de 1982 a 2022, que englobaram um total de 2.372 participantes. Os trabalhos avaliaram o efeito de dietas baseadas em plantas em comparação à alimentação com carne para todos os tipos de colesterol, triglicerídeos (gordura) e apolipoproteína B (apoB), que é um indicador de colesterol e gorduras ruins no sangue.
Nas pesquisas, os voluntários foram divididos entre os dois tipos de dietas e acompanhados durante um período que variou entre 10 dias e cinco anos. A análise de todos os trabalhos indicou que a alimentação vegetariana ou vegana proporciona uma redução média de 7% nos níveis de colesterol total, de 10% nos de LDL (colesterol considerado ruim) e de 14% nas taxas de apoB.
Diante das evidências, Ruth defende que migrar para uma alimentação que exclui a carne animal pode ser uma boa estratégia para evitar doenças à medida em que a população envelhece. Em relação a dietas que envolvem apenas peixe, ela explica que não foi possível avaliar devido à falta de estudos do tipo na literatura para serem analisados.
“No entanto, a dieta mediterrânea é rica em alimentos à base de plantas e peixes e está bem estabelecida como sendo benéfica nas diretrizes dietéticas”, pondera.
Em um comunicado conjunto, o professor da Escola de Saúde Pública Bloomington, da Universidade de Indiana, Kevin Maki, e a professora de Pesquisa Biomédica na Universidade Estadual de Idaho, Carol Kirkpatrick, consideraram que o novo estudo apoia os benefícios de dietas sem carne.
“Os resultados relatados adicionam ao corpo de evidências que apoiam efeitos favoráveis de padrões alimentares veganos e vegetarianos saudáveis nos níveis de colesterol LDL e no risco de doenças cardiovasculares. Embora não seja necessário omitir inteiramente alimentos como carne, aves e peixe / frutos do mar para seguir um padrão alimentar recomendado, reduzir o consumo de tais alimentos é uma opção razoável para aqueles que preferem fazê-lo”, escreveram.