Antes considerado um símbolo de poder pelos egípcios, que descobriram como fermentar o trigo 6.000 anos atrás, o alimento se tornou popular no mundo todo
Francês, rústico, bengala, filão, caseiro, de cereais, ciabatta, bisnaguinha, sírio, doce, australiano, de forma, italiano, integral… O pão é um dos alimentos mais tradicionais no mundo. O Dia Mundial do Pão — comemorado em 16 de outubro — foi instituído em 2000, em Nova York, pela União dos Padeiros e Confeiteiros.
A história do pão é antiga. Ele teria surgido há mais de 6 mil anos, quando os egípcios descobriram a fermentação do trigo. Ele era considerado um alimento básico e um símbolo de poder. Aqueles preparados com trigo de qualidade superior eram destinados apenas aos ricos. Os egípcios se dedicavam tanto que se tornaram conhecidos como “comedores de pão”.
“É importante lembrar da importância que o pão tem para a humanidade. Desde os primórdios, os grãos eram consumidos de forma bruta, comidos crus. Posteriormente, alguns historiadores falam que, por acidente, os pães – que eram formados numa pasta mascada na boca, pasta essa feita de mingau – caíram em cima de uma pedra quente, em uma fogueira e, a partir dali, gerou-se uma massa assada”, conta o historiador e especialista sobre pão, Augusto Cezar de Almeida.
Quando o homem começou a controlar o processo de fermentação, a técnica se aprimorou e se espalhou pelo mundo. “No começo da história, tinha muita rejeição àquilo que fermentava porque dava ideia que estava estragando. Quando se teve controle, com Pasteur [Louis Pasteur, cientista francês, 1822-1895], que foi um estudioso que conseguiu controlar e entender o processo fermentativo, essa ação da fermentação passou a se propagar de forma mais controlada, mais industrial”, relata.
Almeida conta que o produto chegou ao Brasil por meio dos portugueses: “O primeiro documento que narra um brasileiro consumindo pão foi a carta de Pero Vaz de Caminha. Quando as naus [portuguesas] chegaram em território brasileiro, elas traziam pães. Os índios então provaram, pela primeira vez, aquilo que era totalmente estranho. E a reação dos índios não foi lá muito favorável porque eles não estavam habituados. Os produtos que se consumiam aqui eram derivados da mandioca e típicos da região”.
Os pães que foram provados pelos índios eram muito rústicos e, pela longa viagem, provavelmente eram duros também. “Por isso não deve ter sido muito fácil aceitar”, diz Almeida.
Mas com o plantio do trigo, que teria sido iniciado pelas sementes trazidas por Martim Afonso de Souza [nobre e militar português, 1490-1570], é que o hábito de comer pão começa a crescer no país. “O militar Martim Afonso de Souza se tornou donatário da Capitania de São Vicente, primeira capitania que tivemos no Brasil. Ele também era governador da Índia, muito próxima das regiões árabes, e trouxe sementes de trigo para o Brasil”, conta o historiador.
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