Em pedaços do Muro de Berlim conservado, o desenho da foto do beijo histórico entre Brejnev (Rússia) e Honecker
(Alemanha Oriental). Abaixo, este colunista e esposa imitam os dois líderes comunistas
Esse negócio de dia dos pais, dia mães, dia nos namorados, dia dos amantes e outros dias, é invenção do comércio para vender mais. As armas do capitalismo são a propaganda e a invencionice para vender o que precisa e o que não precisa. Os judeus americanos inventaram os Shoppings Centers nos Estados Unidos nos anos 50 que se tornaram as catedrais do consumo em todos os lugares do mundo. O sonho das cidades interioranas de médio porte é ter um Shopping na cidade, somente para consumir, comprar o que não precisa. E esses “dias” são para o consumo.
Apenas um desses dias me comove, como romântico incorrigível, eu amo o Dia dos Namorados, sempre compro flores para minha amada, que há 48 anos aceitou casar com um dos boêmios mais conhecido na cidade. Porém conseguimos atravessar mares bravios, estradas esburacadas, tempestades e turbulências com muita fibra, e lógico, é preciso muito amor para suportar tantos desgastes. Quase meio século de união e o coração nos faz compreender que a vida é tão pequena para tanto amor. E nesse Dia dos Namorados recebi o mais bonito presente de minha mulher, uma declaração escrita tirada de versos, de músicas que acompanharam nossas vidas. Eu quero ler e mostrar para todo mundo que apesar de todos os percalços da vida, o amor é feito mocinho de cinema americano, no fim sempre vence.
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Carlito,
Se pudesse contar nossa história iria buscar nas poesias das músicas que se identificam com as diversas fases de nossas vidas. Começaria com Noite dos Mascarados:
Quem é você? Diga logo que quero saber… Sou seresteiro poeta e cantor, eu modesta parte só zombo do amor, sou colombina, eu sou pierrô, fui porta-estandarte, não sei mais dançar, eu modesta parte nasci pra sambar, …Deixa o dia raiar que hoje eu sou da maneira que você quiser, o que você pedir eu lhe dou seja você quem for seja o que Deus quiser… Desses contrastes nasceu nosso amor num dia de carnaval.
A vida segue, Chico Buarque expressava o que eu sentia algumas vezes na música: Com Açúcar com Afeto. Fiz seu doce predileto pra você parar em casa, qual o quê com seu terno mais bonito você sai nem acredito quando diz que não se atrasa. Quando a noite enfim lhe cansa você vem feito criança implorar o meu perdão, Qual o quê, logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato e abro meus braços (e pernas) PRA VOCÊ.
Em tempos difíceis a sensibilidade de Chico, cantava em Roda Viva “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu. A gente quer ter voz ativa no nosso destino mandar mas eis que chega a Roda Viva e carrega o destino pra lá…”
Noites de amor: O meu amor tem um jeito manso que é só seu, E que me deixa louca quando me beija a boca, A minha pele toda fica arrepiada, e me beija com calma e fundo ate minh’alma se sentir beijada.
No outono de nossas vidas me emociono com Valsinha, um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar… Olhou-me do jeito mais… Do que sempre costumava olhar. E foram tantos beijos loucos que a vizinhança toda despertou…
E a bela letra de LIKE A BRIDGE OVER TROUBLED WATERS, de dois americanos: Simon e Garfield, (COMO A PONTE SOBRE ÁGUAS REVOLTAS) que diz mais ou menos assim: sempre estarei do seu lado como uma ponte sobre águas revoltas, quando você se sentir sozinho, os amigos não forem encontrados, quando lágrimas correrem de seus olhos, eu estarei do seu lado como a ponte sobre águas revoltas… Te amo.
Vânia
Maceió, 12 de junho de 2017