25 de julho de 2020 | 10h00
O Dia do Escritor é comemorado no Brasil em 25 de julho desde 1960, quando a data foi escolhida pelo ex-ministro da Educação e Cultura Pedro Paulo Penido. Nesse dia, a União Brasileira de Escritores (UBE) promoveu a primeira edição do Festival do Escritor Brasileiro. Para celebrar a data, o Estadão selecionou dez nomes fundamentais da literatura brasileira.
Talvez o mais celebrado escritor brasileiro de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis foi fundador da Academia Brasileira de Letras. Ao mesmo tempo em que foi um dos autores que mais traduziu o Brasil em suas contradições, Machado foi tido como um escritor “pouco brasileiro” por retratar primordialmente os costumes da elite e por ter como principais influências os humoristas ingleses e os romancistas franceses e russos. Recentemente duas novas traduções de Memórias Póstumas de Brás Cubas foram publicadas nos EUA, ambas esgotadas em um dia, recolocando Machado no cenário internacional. Além desse romance, Dom Casmurro, Quincas Borba e Papéis Avulsos são algumas de suas obras incontornáveis.
Uma das mais importantes vozes da literatura negra brasileira, Carolina Maria de Jesus tem uma trajetória improvável na cena literária: filha de um casal analfabeto, ela era catadora de papel e morava na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, embora fosse mineira de origem. No pouco tempo livre que tinha, registrava o cotidiano que testemunhou durante sua vida. Sua principal obra é Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada.
Um dos mentores do movimento artístico que culminou na Semana de Arte Moderna de 1922, Mário de Andrade era professor de piano e pesquisador da cultura brasileira, e foi um dos grandes poetas, romancistas, intelectuais e contistas do Brasil na primeira metade do século 20. Entre suas obras mais importantes estão Macunaíma, Paulicéia Desvairada e Amar, Verbo Intransitivo.
Médico de formação e diplomata por profissão, o mineiro João Guimarães Rosa foi um dos mais inventivos escritores da língua portuguesa. Sua obra, marcada pelos neologismos e pela forma como ele registrava a oralidade sertaneja de modo poético, o levou a ocupar uma cadeira na ABL pouco antes de sua morte precoce. Além de Sagarana e Corpo de Baile, seu épico místico-cangaceiro Grande Sertão: Veredas é um dos mais importantes monumentos literários do Brasil.
O autor de São Bernardo teve uma vida e tanto: jornalista, militante comunista e político, o alagoano Graciliano Ramos chegou a ser prefeito do município de Palmeira dos Índios (AL) — seus relatórios à frente da cidade, vale notar, são verdadeiras peças literárias — e foi preso durante a ditadura de Getúlio Vargas, experiência que retratou em Memórias do Cárcere. Sua obra magna, no entanto, é Vidas Secas, em que ele retrata a penúria de uma família de retirantes no sertão.
Embora nascida na Ucrânia com o nome de Chaya Pinkhasovna Lispector, Clarice era muito brasileira, tendo vivido principalmente no Recife e no Rio d e Janeiro. Uma das principais vozes do modernismo literário brasileiro, Lispector primava por uma prosa sofisticada, com intrincados fluxos de consciência e complexidade estilística. Entre suas principais obras estão Laços de Família, A Paixão segundo G.H. e A Hora da Estrela.
Ao mesmo tempo um dos mais populares e eruditos escritores do Brasil, o baiano Jorge Amado é também um dos escritores brasileiros cuja obra foi mais traduzida para o exterior, com versões em 49 idiomas. Ele uniu o estilo modernista à verve regionalista em seus livros, mas também impingiu intensamente seus valores ideológicos em muitas de suas obras, como Capitães de Areia. Alguns de seus livros mais populares ganharam adaptações audiovisuais, como Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tieta do Agreste.
Entre a dimensão sagrada da metafísica e o aspecto profano da sexualidade, a obra de Hilda Hilst congrega em si contradições e nuances como poucos escritores o fizeram na história da literatura. Da poesia à prosa, passando pelo teatro, Hilda sempre investigou a condição humana, mas não se resignou à pouca popularidade — algo que mudaria após a sua morte — e apostou também na literatura erótica. Entre suas obras, destacam-se Fluxo-floema, Do Desejo e A Obscena Senhora D.
O grande mestre da literatura policial brasileira, Rubem Fonseca foi um dos maiores nomes da segunda metade do século 20 e do início do 21. Mineiro, ele construiu sua carreira no Rio de Janeiro a partir das experiências que viveu como comissário da polícia fluminense e a partir daí se tornou referência no gênero. Morto este ano, ele tem entre suas principais obras Agosto e Feliz Ano Novo.
Citada como uma das esperanças do País para o prêmio Nobel todos os anos, Lygia Fagundes Telles é tida como a grande dama da literatura brasileira. Aos 97 anos, ela faz parte da Academia Brasileira de Letras e é uma das últimas vozes da geração de autores que pensou o Brasil a partir dos anos 1930 e 1940, tanto em romances como As Meninas e Ciranda de Pedra, como em contos, como os que integram as coletâneas A Estrutura da Bolha de Sabão e Antes do Baile Verde.