DIA DE SÃO DEODATO - 08 DE NOVEMBRO
HOMILIA - 08.11.2020
São Deodato
O Santo de hoje, papa Deodato I, surge dos séculos obscuros da primeira Idade Média, com poucas evidências. Escassas notícias históricas: filho do subdiácono romano Estevão, foi por quarenta anos Padre em Roma antes de suceder ao Papa Bonifácio IV, 19 de outubro de 615. Morreu em novembro de 618, amado e chorado pelos romanos que tiveram a oportunidade de apreciar seu bom coração durante as grandes calamidades que se abateram sobre Roma nos seus três anos de pontificado: o terremoto, que deu golpe de graça aos edifícios de mármore dos Foros, já devastados por sucessivas invasões bárbaras e horrível epidemia denominada elefantíase.
Foi o primeiro Papa que estabeleceu com testamento doações para distribuir ao povo por ocasião da morte do Sumo Pontífice. Em Roma o Papa era não somente o Bispo e o pai espiritual, mas também o guia civil, o juiz, o supremo magistrado, a garantia da ordem. Com a morte de cada Pontífice, os romanos se sentiam privados de proteção, expostos às invasões dos bárbaros nórdicos ou às reivindicações do Império do Oriente. A teoria dos dois únicos, Papa e Imperador, que deviam governar unidos o mundo cristão, não encontrava grandes adesões em Constantinopla.
O Papa Deodato mostrou-se, todavia, hábil mediador com o outro único, que, a bem da verdade, era pouco solícito para o bem dos italianos, salvo uma vez, que enviou o exarca Eleutério para acabar com as revoltas de Ravena e de Nápoles. Foi a única vez que o Papa Deodato, ocupado em aliviar os desconfortos da população da cidade, nas calamidades acima referidas, teve um contato, se bem que indireto, com o Imperador. O Cardeal Barônio insere no Mar-tirológio Romano um episódio que revalidaria a fama de santidade que circundava o Pontífice “dado por Deus” (conforme a etimologia do seu nome) para guiar os cristãos em épocas tão difíceis: durante uma de suas frequentes visitas aos doentes, os mais abandonados, os que eram atingidos pela lepra, teria curado um desses infelizes, após havê-lo amavelmente abraçado e beijado.
O Liber Pontificalis, recordando dois atos do seu pontificado, afirma que Deodato amou muito o seu clero e que o defendeu em relação ao clero monástico ou regular, privilegiado desde que Gregório Magno confiara aos monges importantes tarefas no apostolado missionário e na própria organização eclesial. O segundo ato se refere à faculdade de rezar uma segunda missa (binação).
São Deodato, rogai por nós!