DIA DE SANTA JOSEFINA BAKHITA - 08 DE FEVEREIRO
HOMILIA - 08.02.22
Nasceu em 1869, em Darfur, no Sudão, um dos países mais pobres da África. O nome Bakhita, que significa “afortunada”, não é o nome que ela recebeu de seus pais, mas sim o que recebeu dos que a raptaram e escravizaram, quando ela ainda era criança. A violência, o trauma, a dor de ter sido raptada e feita escrava foram tão profundos em sua alma, que ela esqueceu seu próprio nome. Essa doce alma africana experimentou a humilhação e todo o tipo de sofrimento, tanto físico quanto moral, que acompanham a situação de escravidão.
Depois de um bom tempo na Capital do Sudão, Bakhita, ainda menina, foi vendida para um cônsul italiano. Este a levou para a Itália. O cônsul fez essa viagem acompanhado por um casal muito amigo. Durante a viagem, ele percebeu que esposa desse seu amigo gostou muito de Bakhita. Por isso, entregou Bakhita a essa família. A nova “mãe” de Bakhita morava em Veneza e tratava Bakhita com carinho. Algum tempo depois, nasceu uma filha desse casal. Bakhita passou, então, a ser a babá da menina e, depois, sua grande amiga.
A família com a qual Bakhita vivia tinha negócios na África. A um dado momento, esses negócios exigiram que o casal voltasse à África. Eles até pensaram em levar as duas meninas para a África, mas foram aconselhados a deixa-las na Itália, sob os cuidados das irmãs da Congregação de Santa Madalena de Canossa, em Veneza. Ali, vivendo com as irmãs, Bakhita, recebeu a mensagem do Evangelho e conheceu Jesus.
Bakhita foi batizada aos vinte e um anos, em 1890. Na ocasião, recebeu o nome de Josefina em homenagem a São José. Mais um tempo se passou, e o casal retornou da África para buscar as duas “filhas”. Para surpresa de todos, Bakhita pediu para ficar, manifestando a vontade de se tornar uma freira canossiana. Ela queria servir a Deus, depois de “tantas provas de amor recebidas”, dizia. Seus “pais” concordaram e ela ficou. Começava ali uma nova jornada em sua vida. Ela ainda passou por um tempo de discernimento da vocação. Então, quando teve certeza do chamado, assumiu a vida religiosa. Em 1896, ela fez seus votos, consagrando para sempre ao Senhor, a quem ela chamava carinhosamente de “Meu Patrão”.
Santa Josefina Bakhita permaneceu na vida religiosa por mais de meio século, até sua morte. Durante esse tempo, cheia de humildade e amor, ela se dedicou a todos os tipos de atividades da congregação. Ela cuidou do guarda roupas, foi cozinheira, sacristã, porteira e bordadeira. As irmãs e os fiéis a chamavam carinhosamente de “Irmã Morena” As irmãs a admiravam bastante pela bondade, generosidade e pelo seu grande desejo de fazer com Jesus fosse cada vez mais conhecido. Ela sempre dizia: "Sede boas, amai a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se soubésseis que grande graça é conhecer a Deus!".
Além da simplicidade e humildade, o seu sorriso constante conquistava o coração de todo tipo de gente que a conhecia. Com o passar dos anos, ela ficou doente, sofrendo longa e dolorosamente. Porém, continuou firme no seu sorriso, oferecendo seu precioso testemunho de fé. Tinha ela a grande capacidade de rir de si mesma e brincar, falando muito seriamente. Ela dizia: "Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa vão os meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de Jesus. Quando chegar ao céu, abrirei as malas e direi a Deus: Pai Eterno, agora podeis julgar. E a São Pedro: fechai a porta, porque fico".
Ao final de sua vida, Santa Josefina Bakhita reviveu os horrores da escravidão, que ainda estavam gravados em seu inconsciente. Segundo seu próprio testemunho, foi Nossa Senhora quem a libertou destes sofrimentos. Assim, a lembrança da escravidão não lhe fazia mais sofrer. Suas últimas palavras antes de fechar definitivamente os olhos foram: "Nossa Senhora!". Irmã Josefina Bakhita entregou sua doce alma a Deus em 8 de fevereiro de 1947. Estava na casa da Congregação na cidade de Schio, Itália. A partir de então, muitos milagres e graças fpram alcançados por intercessão de Santa Bakhita. Em 1992, ela foi beatificada por João Paulo II. Em 2000, foi canonizada pelo mesmo Papa. Ficou assim instituído o dia para a celebração da "Santa Irmã Morena" em 8 de fevereiro, dia de sua morte.
“Ó Santa Josefina Bakhita, que, desde menina, foste enriquecida por Deus com tantos dons e a Ele correspondeste com todo o amor, olha por nós. Intercede junto ao Senhor para que cresçamos no Seu amor e no amor a todas as criaturas humanas, sem distinção de idade, de raça, de cor ou de situação social. Que pratiquemos sempre, como tu, as virtudes da fé, da esperança, da caridade, da humildade, da castidade e da obediência. Pede, agora, ao Pai do Céu, oh Bakhita, as graças de que mais preciso, especialmente (pedido). Amém.”