A tradição conta que Santa Cecília cantava com tanta doçura que um anjo desceu do céu para ouvi-la.
O acervo da Divisão de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional (DIMAS), hoje sediada no 3º andar do Palácio Capanema, é um dos mais importantes acervos musicais existentes no Brasil, oferecendo aos visitantes e pesquisadores mais de 250 mil títulos relevantes para investigação histórica e musicológica. A DIMAS possui, ainda, autógrafos de compositores ilustres, variada literatura sobre música, partituras, libretos, periódicos, programas de concertos, correspondências, fotografias, discos, CDs e DVDs.
O acervo é constituído pela soma de várias coleções marcadas pelo prestígio de seus colecionadores originais. Sua base principal foi formada por peças trazidas de Portugal para o Rio de Janeiro por D. João VI, pertencentes à chamada Real Biblioteca de Lisboa e da Biblioteca do Infantado, abrangendo, dentre outros documentos, livros, partituras, libretos de óperas, livros litúrgicos, missais e tratados. A Coleção Thereza Christina Maria, constituída por obras que pertenceram às imperatrizes D. Leopoldina e D. Thereza Christina, é um dos maiores tesouros originais, e reúne partituras em primeiras edições de Mozart, Haydn, Beethoven, Pleyel, além de livros raros e exemplares do periódico Brazil Musical, dedicado a S.M a Imperatriz do Brasil.
Outras importantes coleções, como a do Conde da Barca, J.A. Marques e Salvador Mendonça estão também representadas com obras dos séculos XVI e XVII.
A DIMAS foi enriquecida ao longo dos anos por meio de contribuições legais, doações e compras, destacando-se a aquisição da biblioteca que pertencera ao bibliófilo cearense Abrahão de Carvalho (1891-1970), que reuniu o maior acervo musical particular do Brasil, com cerca de dezessete mil peças. A compra dessa coleção, na década de 1950, impulsionou de maneira definitiva a estruturação de um acervo de música na Biblioteca Nacional. A BAC, como era conhecida a Biblioteca Abrahão de Carvalho, possuía um número considerável de itens em literatura e partituras musicais, além de um valioso conjunto de obras raras sobre música dos séculos XVII e XVIII. Entre as raridades da coleção Abraão de Carvalho, pode-se destacar:
- Obras do teórico e filósofo Gioseffo Zarlino (1517-1590);
- Tratados de Jean Philippe Rameau (1683-1764) e de Francisco Ignácio Solano (c.1720-1800);
- Primeiras edições de composições de Franz Liszt (1811-1886);
- A obra Regole del contrapunto pratico (Nápoli, 1794), de Nicola Sala (1713-1801), único exemplar no Brasil;
- Compêndio de música theorica e pratica (Porto, 1816) do frei Domingos de São José Varella, a Primeira parte doIndex da Livraria de Música do Muyto Alto, e Poderoso Rey Dom João IVº, Nosso Senhor, anno 1640, que fala do tesouro musical, destruído pelo grande terremoto de Lisboa de 1755;
- Ricardo Wagner e Francisco Liszt recordações pessoais (Lisboa, 1874), de Platon de Waxel, impresso apenas em 50 exemplares, dos quais Abrahão de Carvalho possuía o volume de nº 23.
HINO AO MÚSICO