Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão segunda, 03 de maio de 2021

DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: TOM ZÉ SOLTA A LÍNGUA A LÍNGUA EM MOSTRA DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

Tom Zé solta a língua em mostra do Museu da Língua Portuguesa

Cantor fará uma performance gravada como parte da exposição temporária Língua Solta, em homenagem ao Dia da Língua Portuguesa

Danilo Casaletti, Especial para o Estadão

03 de maio de 2021 | 05h00

Tom Zé, 84 anos, vibra como um garoto por sua nova criação: uma parede em seu apartamento no bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, na qual ele colocou cartazes de rua, folhas de jornais, recordações da infância e letras de música. Foram esses elementos que o ajudaram a criar a performance que ele apresentará na quarta-feira, 5 de maioDia da Língua Portuguesa, na exposição temporária de pré-abertura Língua Solta, do Museu da Língua Portuguesa.

 

Tom Zé
Performance de Tom Zé, pré-gravada, será exibida dia 5, na mostra Língua Solta Foto: Tiago Queiroz/Estadão

LEIA TAMBÉM

Museu da Língua Portuguesa reabre para exposição temporária; veja a programação

Museu da Língua Portuguesa reabre para exposição temporária; veja a programação

Por telefone, em chamada de voz, o artista tenta descrever a tal parede que, em tempos de pandemia, lhe permitiu ver o mundo. Pensa em ligar o vídeo. “Poxa, não vou saber fazer. Não sou bom nisso. Tem gente que se deu bem com essas coisas de modernidade. Eu não”, diz ele, um dos artistas desde sempre moderno, à reportagem. Neusa, sua mulher e fiel escudeira, está em outro cômodo da casa.

 

Porém, assim como faz em suas canções, Tom Zé se vale das palavras, sua matéria-prima, para explicá-la. Ou melhor, para contar toda a viagem que fez por lembranças, história, professores, conversas dos tios, livros e pensadores, estimulado pelo pedido dos curadores de Língua Solta, Moacir dos Anjos e Fabiana Moraes. “O convite me fez estudar. Você sabe que o ser humano esquece, de dez em dez anos, aquilo que aprende, né?”, diz.

A exposição é composta por um conjunto de objetos que fixam seus significados no uso das palavras na arte contemporânea e popular. Portanto, o público verá – a visitação presencial terá número limitado de participantes – peças como cartazes de rua, cordéis, brinquedos, revestimento de muros e estandartes de dança.

“O que me instigou foi essa retirada da hierarquia do que é clássico, ou a arte, e o popular. Isso cria um vento, ou melhor, um redemoinho no pensamento. Quando eles se juntam dessa maneira, ficamos imaginando nesse um passo para lá ou um passo para cá nessa história de a pessoa ser ou não ser um artista. Quando uma pessoa diz, ‘isso não é arte’, o que ela quer dizer?”, questiona-se Tom Zé.

Na infância, 'outra civilização'

Um dos pontos de partida do pensamento de Tom Zé foi o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009), pensador da antropologia estrutural que desenvolveu estudos sobre sociedades não civilizadas, com base na linguagem. Dele, Tom Zé segue sua linha de raciocínio fervilhante até sua infância, nos anos 1940, em Irará, nos arredores de Feira de Santana, na Bahia.

 

Tom Zé
Tom Zé usou recordações da infância para montar as referências que usará na exposição do Museu da Língua Portuguesa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Tom Zé diz que, à época, vivia-se outra civilização. “A nossa concepção do universo, antes de entrar na escola primária, não tinha Aristóteles. Quando fui estudar, aos oito anos de idade, analfabeto, senti uma diferença brutal naquilo que o professor dizia. Fiquei assombrado. Eu estava de costas para a civilização”, diz.

Dessa época, ele também se lembra das reuniões na sala da case do avô, quando a língua era a principal distração. A roda de conversa deixava o menino curioso, prestando atenção em tudo – e no modo – como era falado. Nove da noite, o mesmo horário no qual Tom Zé vai para a cama até hoje, era hora de criança dormir. “Eu não conseguia pegar no sono, estava excitadíssimo, tentando me lembrar de tudo o que havia sido dito para saber se eu tinha compreendido”, conta.

Essa paixão pela língua portuguesa aparece na canção Língua Brasileira, que Tom Zé fez para o disco Imprensa Cantada, de 2003, na qual é chamada de “babel das línguas” e “dama culta e bela.” “Sou uma pessoa que vive com a língua de manhã, de tarde e de noite. É o que me provoca. Trabalhei feito um leão nesses dias para decifrar essa exposição. Meu métier é a canção, então tive que estudar, ir atrás.”

  

Novas canções de Tom Zé

A pesquisa de Tom Zé para Língua Solta o inspirou para compor pelos menos três canções. Uma delas, que se confunde com o tema da exposição, ele fez para o Estadão, com o título de O Estado de São Paulo (veja a letra abaixo). Outra, com o título da mostra, brinca com o fato de a língua estar nua no museu – só de “touca”, como diz a letra. O artista não sabe se elas estarão na performance, que será pré-gravada. Para além dessas novidades, diz que pensa em novas canções para o musical de Felipe Hirsch e do coletivo Ultralíricos inspirado na canção Língua Brasileira, que estrearia em março de 2020, em São Paulo. Com a pandemia, a produção foi adiada.

Tom Zé só desconversa quando perguntado se já pensa em um novo disco – seus últimos lançamentos foram o álbum Sem Você Não A (2017) e o retrospectivo Raridades (2020). “Demoro para compor. Tem pessoas que chegam em casa às cinco horas da tarde, tomam um uísque e fazem uma música que dali a pouco vai estar na boca do povo. Sim, tenho feito (novas músicas). Só que, quando contamos antes da hora o que vai ser, a coisa perde um pouco a graça”.

  

'O ESTADO DE SÃO PAULO'

O Estadão

É um clarão de devoção

Coisa bendita do Doutor Mesquita

E a língua solta no museu

É jubileu

Uma pepita que palpita

Língua solta

Coisa louca

O popular, o erudito

Língua solta

Coisa louca

Meu pensamento é um grito


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros