Quando menino, encantava-me um canário-belga que pousava em minha janela, cantando alegre e belamente. Em sua homenagem resolvi torcer pela Bélgica nessa Copa que está chegando. Será minha modesta vingança em nome dos que se deitam no chão de hospitais da rede pública à espera de um atendimento que, muitas vezes, não acontecem: a morte chega antes. Será meu insignificante protesto contra a educação do País e o transporte público degradante a que o povo está submetido. Será o meu desagravo àqueles que passaram da extrema miséria ao desemprego e à pobreza enorme graças a alguns contos de réis oferecidos para calar a boca destes. Será o meu não-conformismo aos imensos ‘elefantes -brancos’ construídos às custas do povo que paga o maior imposto de todo o mundo. Será o meu Basta! ao roubo, à corrupção, aos malfeitos dos que se elegem e aos que habitam o entorno do nosso mundo político, não me interessando a coloração partidária de suas ‘ideologias’. E tem mais: se a Bélgica não conseguir ir adiante, estarei, de azul e branco, torcendo pela Argentina. Ou pela Espanha, por Portugal ou Uruguai. Quem sabe, a França? Nada de Pátria de chuteiras: a Pátria está descalça e o caminho é pedregoso.