Ontem recebi telefonema do meu querido amigo Jessier Quirino, o grande poeta nordestino de atualidade, pra me contar mais uma das presepadas que ele vive presenciando lá na sua Itabaiana, interior da Paraíba.
Era a história de dois cabras comendo societariamente uma jaca, cada um ocupando um daqueles bancos de praça, emendados costa com costa.
A jaca no meio dos bancos e os dois cabras, frente a frente, enfiando os dedos na fruta com muito apetite, imensa harmonia e grande tranquilidade.
Jessier tem um imã que vive atraindo estas cenas interioranas bem peculiares.
Cenas que ele retrata com muita maestria e talento em suas apresentações Brasil afora.
Mas a história que quero contar hoje não tem nada a ver com jaca.
Tem a ver com gaia.
Para os leitores de outras regiões, esclareço que “gaia” é a maneira nordestina de se referir a “galha”.
Galha outra coisa não é senão o chifre, o símbolo do corno, do cabra traído.
Quando se diz que “Fulano levou gaia“, é porque apareceu um Urso em sua vida.
“Urso” é a figura do gostosão, o comedor, o cabra que enrabou a mulher do corno.
Pois no mês de dezembro passado, Jessier me ligou e começou a falar do seu jeito habitual:
– Marrapaz!!!
E disse que havia acabado de passar um carro de som em frente à sua casa, tocando uma música arretada.
Uma música cuja letra falava na tentativa de suicídio de um corno, muito desgostoso com as gaias que havia levado da mulher chifreira.
Jessier mora numa movimentada rua no centro da cidade, onde acontece de tudo e por onde tudo passa.
Uma rua que ele costuma chamar de a “Times Square de Itabaiana“.
Ou a “Champs Elysee de Itabaiana“.
Pois Jessier me resumiu a letra da música e eu achei arretado aquele enredo.
Ontem, me alembrei-me da história e pedi pra Aline pesquisar na internet.
Pois ela achou a gravação em instantes.
É esta obra-prima que vocês vão ouvir no vídeo abaixo.
Uma excelente quinta-feira pra todos os amigos que frequentam este blog escroto!!!