RIO - Para essa galera, todo dia merece um “sextou”! Em meio ao isolamento social, bartenders investiram no delivery de drinques como forma de manter a renda e oferecer um happy hour com gostinho de morango, limão ou abacaxi para quem está em casa. Em dois meses, eles conquistaram clientes e viram suas bebidas chegarem a vários bairros do Rio. Copos e garrafinhas cruzam a cidade nas garupas dos motoboys antes de virarem a alegria da noite. Em dias de lives de grandes artistas na internet, são vendidos quase 200 coquetéis.
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— Para os drinques, pensamos nas infinitas possibilidades de receitas e combinações. Queríamos oferecer uma opção de delivery além das cervejas e vinhos — afirma Letícia Ribeiro, de 29 anos, sócia do ÓZÊ Drinks com o marido, Raphael Guimarães, de 29, e o amigo Lucas Machado, de 23: — Criamos um drinque para a quarentena, o Sonho, que ganhou esse nome na esperança de dias melhores. É feito com chá de hibisco, abacaxi e hortelã. São ingredientes diuréticos e digestivos, bons para compensar as guloseimas do isolamento.
O serviço funciona de quinta-feira a domingo, à noite, pelo WhatsApp (96563-8255) e com entregas para a Zona Norte (consulte os bairros abrangidos). Os drinques custam R$ 20 (vodca) ou R$ 25 (gin).
— Faltavam serviços assim, de drinques em casa. A apresentação é linda, o preço é justo e os sabores são maravilhosos. Eu peço sempre — diz a universitária Thaís Almeida, de 23 anos, de Cavalcanti.
Quando teve início a pandemia, em março, o barman Pedro William, de 28 anos, viu festas e eventos sendo desmarcados. Trabalhando nessa área há dez anos e preocupado, ele teve a ideia de manter a profissão na forma de delivery, com o In Black (97100-4996). Desde então, os coquetéis e caipirinhas tradicionais e gourmets (R$ 15) mostram ser possível tomar bons drinques mesmo no sofá de casa.
Pedro William, da "In Black", aposta na combinação de sabores Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
— Faço as entregas a partir de quinta-feira. Tentamos fazer uma consultoria para mandar o coquetel certo de acordo com o paladar de cada um. A galera sente falta de uma bebida na mesa do bar. Então tento levar essa proposta para a casa de todos eles. Em dias de live, já cheguei a vender 20 drinques para uma família — explica William.
Bruno Guedes, de 29 anos, e Eduardo Marchetti, de 32, também trabalhavam com eventos antes da Covid-19. Carentes de festas, se reinventaram e com o delivery da De Boa Drinks (98686-0939) viram uma forma de ganhar dinheiro com bebidas diferenciadas. Quase 80% do cardápio são invenções da dupla, com preços de R$ 28 a R$ 35.
— Queremos mudar a ideia de que gin só cai bem com tônica ou de que uísque só combina com energético ou água de coco — diz Bruno.
Experiência para fazer o seu drinque em casa
Para quem busca uma opção além do simples consumo em casa, a Drinks on the Rocks Club é uma plataforma que oferece a experiência do cliente preparar o próprio drinque. Após escolher o coquetel no site, ele faz o pedido online e recebe o kit em casa, composto pela bebida base, pela receita e por todos os ingredientes na porção certa.
No cardápio, clássicos e receitas exclusivas. Cada embalagem faz de quatro a 12 drinques e custa a partir de R$ 103. Para os donos da ideia, a plataforma surge como uma forma de envolver o consumidor na produção das bebidas e ensiná-lo a preparar o drinque favorito.
— É um projeto que já tínhamos desenhado e que foi colocado em funcionamento um pouquinho antes do previsto por causa da pandemia. Nós vivemos um momento em que ficar em casa é primordial. Então, queremos dividir nossa experiência em drinques com os nossos clientes. São mais de 15 deliciosas opções. Com o tempo, a ideia é ampliar esse cardápio de opções trazendo parceiros e marcas de bebidas de alta qualidade — diz Mauro Carvalho, um dos sócios da plataforma ao lado do também empresário Eberson Ramos.
Com a semana recheada de lives, o GLOBO traz sugestões de drinques de acordo o gênero musical. Escolha o seu e tintim:
Neste domingo, o sertanejo de César Menotti e Fabiano, às 11h, e o forró de Solange Almeida, às 17h, pedem o drinque Floresta (kiwi e laranja-Bahia): "São cores vivas da natureza, lembram o campo", diz Letícia, do Ozê, que indica o Praiano (maracujá e morango) para quem for curtir Alexandre Pires e Seu Jorge, às 14h, e Fundo de Quintal, às 15h: "São frutas de paixão nacional, que nem o samba".
Já na sexta-feira, é a vez de Marcelo D2, às 20h, levar seus sucessos para a internet: "Um cara com o estilo dele combina muito bem como o drinque De Patrão (sucos de laranja e limão, xarope de pêssego e uísque). É uma bebida que marca presença", indica Guedes.
No sábado, Bell Marques canta seus sucessos às 12h: "O axé me lembra o quentão e a canela, presente na caipirinha gourmet de morango com limão", diz Pedro William, do In Black. Às 20h, tem Jota Quest: "O Moscow Mule (vodka, limão e espuma de gengibre) é um queridinho das festas de casamento, embaladas por clássicos do grupo", diz Mauro Carvalho, da "Drinks on the Rock Club".
No próximo domingo, dia 7, às 18h, tem o samba de Mumuzinho: "Ele é cria de Realengo e combina com a caipirinha Zé Carioca, que leva maracujá, limão e açúcar de gengibre", diz William. Para fechar a agenda, o próximo domingo reserva Negra Li, às 16h: "Uso a licença poética para lembrar da diva negra Ella Fitzgerald, lembrando as grandes cantoras de jazz, incríveis como Negra Li", avalia Carvalho.