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A empresária Nayara Leonel Ribeiro, 29 anos, entrou no mercado de delivery há sete meses: uma loja de roupa que vai até as clientes em várias regiões administrativas do DF
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Em tempo de pandemia do coronavírus, com a população isolada em casa e o comércio fechado para evitar o contágio da Covid-19, as empresas precisam recorrer às entregas para continuarem funcionando. Durante o período de quarentena, o setor de delivery se apresenta como uma das principais alternativas para consumidores e comerciantes do Distrito Federal.
Segundo o presidente do Conselho de Economia do DF, César Bergo, determinadas áreas tendem a aumentar o número de pedidos. “Alguns segmentos devem crescer, como por exemplo o farmacêutico e o alimentício”, comentou. Dados do aplicativo Rappi também apontam para este crescimento, desde o início da pandemia. Na América Latina, a alta foi de cerca de 30%, com destaque para pedidos de farmácias, restaurantes e supermercados, de acordo com a empresa.
Para o superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF), Valdir Oliveira, num primeiro momento o delivery não aumentou devido ao coronavírus. “Porém, durante a última semana, já observamos que isso mudou e as entregas cresceram consideravelmente”, disse.
Valdir alerta que as empresas, e principalmente os restaurantes, precisarão de liberação de crédito e flexibilização de tributos para sobreviver à crise econômica ocasionada pela pandemia. “Têm estabelecimentos que, nos melhores dias, que são finais de semana, chegaram a 70% de quebra de faturamento”. Apesar das dificuldades, Valdir afirma ser improvável que o DF passe por uma crise de abastecimento. Para ele, o importante, agora, é ajudar os pequenos negócios.
O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, explica que, atualmente, o melhor para a saúde pública é fazer os pedidos por entrega e não sair de casa. “Nos últimos dias, antes do comércio fechar, houve uma queda de venda em salão e um aumento na venda de delivery na faixa de 20 a 30%”, ressalta.
Jael destaca que, por segurança, alguns estabelecimentos têm adotado medidas como fornecer duas embalagens, uma externa que deve ser descartada por risco de contaminação, e uma interna onde fica o produto. “Os aplicativos não têm controle se os entregadores estão contaminados com o coronavírus. O ideal seria fornecer álcool em gel a eles, para que se higienizem, mas não sei se esse trabalho está sendo feito”, ponderou.
Ajustes do setor
Em nota, o aplicativo iFood informa que criou para todos os entregadores um fundo solidário de R$ 1 milhão, para dar suporte àqueles que necessitarem permanecer em quarentena. A organização não governamental Ação da Cidadania fará a gestão do fundo. Além disso, o aplicativo estuda formas de fazer entregas com menor contato, em que o usuário pode combinar com o entregador, via chat, o local para deixar o pedido.
A Uber também adotou novas medidas. A empresa explica que conta com a consultoria de um especialista em saúde pública, e permanece em contato próximo com as autoridades locais, seguindo as orientações para conter a propagação do coronavírus. O aplicativo Uber Eats agora permite que o usuário deixe uma instrução para pedir ao entregador que deixe o pedido na porta da residência do cliente, de modo a impedir qualquer contágio.
"Nos últimos dias, antes do comércio fechar, houve uma queda de
venda em salão e um aumento na venda de delivery na faixa de 20 a 30%”
Jael Antônio da Silva,
presidente do Sindhobar
Cinco pedidos inusitados
Com a promessa de entregar qualquer coisa que o cliente desejar,
o aplicativo de entregas Rappi possui uma lista de pedidos fora do comum:
» Pedir ajuda para descarregar seis vasos de planta do caminhão.
» Comprar agulha, pinça anatômica e fio de nylon para cirurgia.
» Buscar o cartão de estacionamento que o cliente havia esquecido no carro, que estava no mecânico.
» Buscar uma chave de cliente que se trancou no próprio apartamento.
» Comprar passagem de ônibus.