CRUZADA NEGRA
Da Costa e Silva
MORS – em letras de luz gravo no meu escudo.
A divisa imortal de cavaleiro traço
Em campo negro. E, após, visto a armadura de aço.
Preme a cota, a luzir, o meu peito desnudo.
O elmo à cabeça, a espada à cinta, a lança ao braço,
Desço ao pátio e cavalgo o meu corcel sanhudo,
E ele, a resfolegar, indiferente a tudo,
Rasga, como um fuzil, a escuridão do espaço.
Levo a lira no arção. Impassível e forte,
No solar do Não Ser, ante o perfil da Morte,
Cantarei a balada augusta e soberana
De cavaleiro errante menestrel transeunte…
E aonde vou? Aonde vou? Ainda há alguém que o pergunte?
– Busco a Jerusalém remota do Nirvana…