Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sexta, 15 de abril de 2022

CULTURA: O VINIL NÃO É MAIS AQUELE - AGORA É A VEZ DE O CD ENCANTAR OS COLECIONADORES

 

O vinil não é mais aquele: agora é a vez de o CD encantar os colecionadores

A alta do ‘hype’ nos LPs, um disco raro chega a R$ 20 mil, trouxe de volta aquele formato físico de ouvir música calado lá nos anos 1990. Sensação entre a Geração Z, o CD já está até inflacionado
Philipe Baldissara Antunes procura por CDs na Loja Tracks, na Gávea, Rio Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Philipe Baldissara Antunes procura por CDs na Loja Tracks, na Gávea, Rio Foto: Ana Branco / Agência O Globo

Proprietário da loja de discos Tracks, há 27 anos na Gávea, Heitor Trengrouse é um dos muitos que, até há pouco, tinham decretado a morte do CD. Diante da baixa procura por lançamentos no formato, cada dia mais suplantado pelo streaming, ele já estava planejando diminuir a presença do produto em sua loja, que também comercializa LPs e DVDs.

Em novembro, porém, Trengrouse tentou algo diferente. Pela primeira vez, adquiriu uma grande coleção de CDs usados. Vendidos a preços mais acessíveis, o lote teve uma saída surpreendente. O perfil dos compradores variava: desde jovens nostálgicos em busca dos artistas dos anos 1990 e 2000 que ouviam na infância (e que só foram lançados em CD) a colecionadores que não querem mais pagar os valores inflacionados dos vinis.

 — O primeiro lote de usados foi um start, funcionou tão bem que passamos a adquirir outros — diz ele. — Está claro que estamos vivendo um aquecimento nessa área.

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Outros proprietários de lojas concordam com Trengrouse: há empolgante crescimento das compras de CD de segunda mão, que parece inversamente proporcional à procura por lançamentos no mesmo formato.

Segundo uma pesquisa divulgada pela Pro-Música Brasil, associação afiliada e representante nacional da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), a produção de streaming correspondeu a 86% do faturamento total da indústria fonográfica no Brasil em 2021. As vendas dos formatos físicos como um todo (CD, LP e DVDs), por sua vez, representaram apenas 0,6% do total das receitas da indústria.

Febre mundial nos anos 1990, os CDs praticamente deixaram de ser lançados no Brasil de 2022 Foto: Paulo Rubens Fonseca / Agência O Globo
Febre mundial nos anos 1990, os CDs praticamente deixaram de ser lançados no Brasil de 2022 Foto: Paulo Rubens Fonseca / Agência O Globo

Nessa conjuntura, a produção de CD em território nacional minguou. Mesmo alguns lançamentos de artistas brasileiros só chegam aqui muitas vezes via importação, o que tornam os preços exorbitantes. Os últimos de Caetano Veloso e Marisa Monte, por exemplo, estão saindo por quase R$ 200 na Tracks Discos.

— Imagino que a decisão de lançar um CD ou um vinil hoje deva-se mais a uma estratégia promocional do que à busca por um faturamento maior, sendo que existem artistas e gêneros musicais, o clássico, por exemplo, que subvertem continuamente esta lógica — opina Paulo Rosa, presidente da Pro-Música Brasil.

No restrito mundo dos colecionadores, a história é outra. O formato, que reinou nos anos 1990 e parte dos 2000, vive um renascimento próprio. Fábio Pereira, dono da Supernut Mara Records, uma loja online de compra e venda de discos, vivia recusando ofertas de CDs. De dois anos para cá, passou a comprar novos lotes semanalmente.

— Está acontecendo com o CD o que ocorreu com o vinil anos atrás: tem muita gente jogando fora, e você pode encontrar coisas boas e baratas. Estou aproveitando para estocar. Além disso, os LPs raros chegam a valores surreais, e ouço muitos clientes dizerem que estão comprando CD porque é mais barato — conta. — Eles têm a necessidade do material físico.

Streaming sem limites

A tendência chegou a jovens que não conheceram o auge do CD e que ainda têm o streaming como “toca-discos”. Ouvinte de música erudita, Ana Nader, de 20 anos, seguiu rumo ao CD com o objetivo de se afastar um pouco do celular. O primeiro contato com essa tecnologia quase “arcaica” para a sua geração teve altos e baixos. Por um lado, ela achou o CD um tanto restritivo, dada a limitação do espaço para músicas. Por outro, acredita ter ficado um pouco mais seletiva sem a oferta infinita do streaming.

— Se pelo streaming podia, num intervalo de uns 40 minutos, ouvir de Bach a Boulez, por exemplo, pelos CDs me limitei a escutar algo específico, seja a seleção do intérprete ou a seleção de épocas — conta a jovem de Sorocaba, São Paulo. — Isso foi positivo, já que não ficava muita informação para a cabeça num dia só.

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A tendência de comportamento de consumo musical, apesar de relativamente recente, já começa a dar sinais de causa e efeito no mercado. E os mesmos preços inflacionados que atormentaram os colecionadores de vinil nos últimos anos também estão, em menor medida, ameaçando o novo queridinho dos sebos. Ainda que um CD dificilmente iguale o valor de um LP raro (que pode chegar até R$ 20 mil), os amantes de CD já sentem no bolso o “índice hype” do momento.

— Os CDs de heavy metal, por exemplo, subiram de maneira inimaginável — diz Philipe Baldissara Antunes, 22 anos, que voltou a consumir CDs após ter abandonado o hábito em 2012. —Quando eu era adolescente, comprava clássicos do gênero por R$ 20 ou R$ 30 reais, hoje são coisas que você encontra de R$ 90 para cima.

Assustado com o preço nas lojas, Philipe Baldissara Antunes passou a garimpar em sebos, e também em grupos de Facebook.


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