Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quinta, 21 de abril de 2022

CULTURA: MUNICIPAL VOLTA A SER PALCO DE EXPOSIÇÕES DEPOIS DE CEM ANOS

Municipal volta a ser palco de exposições depois de cem anos

Obras modernistas de 1922 compartilham teatro com contemporâneos

Antonio Gonçalves Filho, O Estado de S. Paulo

21 de abril de 2022 | 05h00

As comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 22 incluem finalmente o lugar onde ela aconteceu, o Teatro Municipal, ocupado pela segunda vez em cem anos com a exposição Contramemória, dedicada a artistas que participaram da mostra, mas, principalmente, aos que ficaram fora dela (negros, índios). Com curadoria da historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro, a exposição, aberta até 5 de junho, traz tanto obras originais de artistas modernistas (Anita MalfattiDi CavalcantiTarsila do Amaral) como de contemporâneos, críticos ao sistema que facilitou o advento do modernismo entre nós e dificultou o acesso de artistas não caucasianos ao Olimpo da modernidade.

Contramemória é, assim, tanto um tributo como um ajuste de contas com o passado, promovendo o diálogo dos contemporâneos com os modernos por meio da arte. Ocupando o hall de entrada e o salão nobre do Municipal, a mostra recebeu 300 visitantes logo no primeiro dia, pessoas que jamais entraram no teatro. Foram recepcionados por obras de forte conteúdo crítico, como uma pintura de Adriana Varejão que faz referência ao movimento antropofágico de 1928. Em Convite III, obra de 2005, Varejão se apropria de uma histórica imagem de canibal de Hans Staden, que segura a cabeça da artista.

 

 

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‘O Batismo de Macunaíma’ de Tarsila, visto por Gustavo Caboco Foto: Tiago Queiroz/Estadão
 

Outra imagem icônica, a de São Sebastião, mártir guerreiro retratado por Guignard Portinari, ganha uma releitura do escultor Flávio Cerqueira, em que o santo muda de cor – é um pivete negro e tem o corpo cravejado de balas no lugar das flechas. Ao lado da obra, uma escultura em sabão, de Raphael Escobar, traz um pergunta incômoda: “Com quantos pobres se faz um rico?”

Como o prédio do Municipal é tombado, os curadores tiveram de pensar a exposição de forma tradicional: há mais telas, desenhos e esculturas do que instalações e vídeos. Mesmo assim, uma cobra de papel de 200 metros da artista indígena Daiara Tukano circulou pela escadaria do Municipal até encontrar seu lugar definitivo no segundo andar. O projeto original, segundo a curadora Lilia Schwarcz, era reunir as obras que estiveram expostas na Semana de 22, mas, na impossibilidade de conseguir tais peças, entrou no circuito o valioso acervo do Centro Cultural São Paulo. Vieram de lá obras de Anita, Tarsila e Flávio de Carvalho raramente vistas ou nunca exibidas.

 

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O ‘Cupinzeiro’ de Lídia Lisboa, que participa da Bienal de Veneza Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Foi assim que Contramemória transformou-se numa mostra multiétnica e atemporal. Na falta de uma escultura de Brecheret, sua máscara mortuária, feita por sua aluna Elisabeth Nobiling (1902-1975), repousa ao lado do “túmulo antropofágico” do artista contemporâneo carioca Yhuri Cruz, de 32 anos – uma obra fiel ao que ele mesmo definiu como necropolítica. Na linha revisionista das presenças afrodiaspóricas de Cruz, Daniel Lannes fez uma releitura de uma clássica foto dos modernistas registrada num almoço em homenagem ao mecenas da Semana, Paulo Prado, em 1924. O título diz tudo: 17 Homens e um Segredo. O segredo é que Anita Malfatti não foi convidada. As mulheres ficaram de fora. Mas O Bastardo, artista da Baixada Fluminense, que hoje vive entre o Brasil e a França, se encarregou de dar o troco. Recriou a mesma foto histórica trocando Mário e Oswald de Andrade por negros e índios.

 

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A Exposição 'Contramemória', no Teatro Municipal, cujo tema remete à Semana Modernista de 1922.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

E, lembrando que os índios estão presentes em poucas obras dos modernistas – Macunaíma, de Mário de Andrade, é uma delas – o líder indígena Ailton Krenak e a artista Carmézia Emiliano, da etnia Macuxi, fazem referência a ele em suas obras. Carmézia pinta o monte Roraima, cuja origem os índios ingarikós creditam a Macunaíma. Outro artista indígena que lembra dele é Gustavo Caboco, o jovem Wapichana (32 anos) que fez um “antibatismo” de Macunaíma num trabalho que remete à tela O Batismo de Macunaíma, pintada em 1956 por Tarsila, quando ela já estava a milhas de distância da pintora modernista que foi.


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