RIO — Que Tom Jobim morou na Rua Nascimento Silva 107, em Ipanema, Toquinho e Vinicius contaram lá atrás em “Carta ao Tom 74”, um dos clássicos da bossa nova. O bairro, no entanto, tem outras histórias ainda por serem reveladas — assim como seus vizinhos, Copacabana e Leblon. Parte delas está reunida no livro “Que lugar bacana!”, que acaba de ser lançado pela Portunhol Entretenimento.
O livro físico resiste:Bancas literárias, livrarias de bairro e lançamentos comprovam
— Tinha vontade de mostrar como esses bairros se formaram e como ganharam identidades próprias ao longo do tempo. Pessoas chegaram em cada um deles com propostas de vida diferentes — afirma o produtor cultural Sylas Andrade, morador de São Conrado e idealizador do livro.
Ele destaca que Copacabana sofreu uma especulação imobiliária muito grande nos anos 1950 e 1960, quando começaram a subir os espigões que verticalizaram a cidade.
— Ipanema é um bairro mais boêmio, ligado à Música Popular Brasileira. E o Leblon é mais tranquilo e onde as pessoas se conhecem bem, por ser um bairro menor — compara Andrade.

O livro, que está à venda por R$ 90 pelo Instagram @que_lugar_bacana, tem design de Luis Carlos Moreira Rocha, o Maraca; fotos de Paulo Marcos de Mendonça Lima; e texto do jornalista Aydano André Motta.
— Imaginei um passeio não linear que começa na Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, e vai até a Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon — conta Motta, morador da Lagoa
Para crianças: Era uma vez duas amigas que queriam semear a leitura
Uma das histórias que ele destaca é a de dom Antônio do Desterro, que, quando chegava de Angola, em 1746, para assumir o cargo de bispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, enfrentou uma tempestade violenta e fez uma promessa:
— Ele disse que, se escapasse da chuva impiedosa, cuidaria da igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana. Ele se salvou e reformou a igreja, que ficava onde séculos mais tarde seria erguido o Forte de Copacabana.