BRASÍLIA - O governo de Cuba quer retirar todos os médicoscubanos do Brasil nos próximos 40 dias. Hoje, há 8.332 profissionais daquele país participando doprograma Mais Médicos . Eles devem voltar a Cuba até 25 de dezembro. A informação foi transmitida ao Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) em reunião nesta quinta-feira na Embaixada de Cuba. Segundo o presidente da entidade, Mauro Junqueira, o representante do governo cubano afirmou que a decisão é "irrevogável" e que o caso está sendo conduzido diretamente pelo presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Os médicos sairão de forma gradual, em grupos. Os primeiros devem sair em no máximo dez dias. Eles estão sendo notificados.
- A partir do dia 25 de novembro, segundo nos informaram, já haverá um voo diário, providenciado pelo governo cubano, para levar os médicos. Será uma situação muito difícil para as áreas que ficarão desassistidas - afirmou Junqueira.
O Ministério da Saúde informou que abrirá um edital para contratar novos médicos . O programa Mais Médicos tem hoje 18.240 vagas, das quais 8.332 ocupadas por cubanos. A iniciativa serve para levar os profissionais a lugares com falta de assistência, desde periferias de grandes cidades a aldeias indígenas e populações ribeirinhas.
Junqueira se reunirá com o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, nesta segunda-feira para tratar da contratação dos novos médicos. A ideia é abrir as vagas com prioridade para brasileiros formados no país, depois para brasileiros diplomados no exterior e, só em último caso, para médicos estrangeiros.
A Associação Brasileira dos Municípios (ABM) divulgou na noite de quarta-feira uma carta aberta ao presidente eleito pedindo que ele tome "ações imediatas" para reverter a decisão do governo cubano de retirar-se do programa Mais Médicos . O pedido, segundo o texto, é feito em nome dos prefeitos do Brasil. Em nota divulgada nesta quinta-feira, outra entidade de prefeitos, a Confederação Nacional de Municípios (CNM), diz que o fim da parceria com Cuba "aflige" prefeitos que fazem parte da confederação. Para a entidade, a situação é de extrema preocupação, podendo levar a "estado de calamidade pública, e exige superação em curto prazo”