Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo segunda, 21 de abril de 2025

CRISTINA BUARQUE SE ENCANTOU: CANTORA E COMPOSITORA MORRE AOS 74 ANOS

 

 
 

A cantora e compositora Cristina Buarque morreu na manhã domingo (20), aos 74 anos. A informação foi confirmada pelo filho da artista, Zeca Ferreira, nas redes sociais. O velório acontecerá nessa segunda-feira (21), às 14h, na capela 6 do Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio. A cremação será às 17 horas. Nos próximos dias, será marcado um gurufim, despedida regada à música.

 Filha do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e da intelectual e pianista Maria Amélia Buarque de Hollanda, Cristina era irmã de Chico Buarque, Miúcha e Ana de Hollanda. Ela lutava contra um câncer de mama há um ano e deixa cinco filhos: Ana (52), Zeca (51), Paulo (49), Antônio (48) e Maria do Carmo (46).

Nascida em São Paulo no ano de 1950, Maria Christina Buarque de Hollanda gravou, em 1974, a canção "Quantas Lágrimas", de Manacéia, no álbum "Cristina", que a tornou nacionalmente conhecida. Avessa aos holofotes, jamais usou a fama de "irmã de Chico".

Era chamada pela turma do samba de "Chefia" e considerada uma enciclopédia do gênero musical, pescadora de verdadeiras pérolas da música brasileira. Formou gerações com suas gravações e repertório. Era farol e referência para colegas como Marisa Monte e Mônica Salmaso.

 

Com humor sacana e ácido, adorava uma conversa de bar. Nos últimos anos, capitaneava famosa roda de samba na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, onde morava.

Cristina Buarque — Foto: Divulgação
Cristina Buarque — Foto: Divulgação

 

Trajetória

 

Cantora de origem paulistana e criação carioca, Cristina estreou 1967, como convidada do compositor Paulo Vanzolini no disco "Onze sambas e uma capoeira" (1967), quando gravou o samba "Chorava no meio da rua".

Depois, dividiu com o irmão Chico a interpretação de "Sem fantasia" (1968) no terceiro álbum do cantor. A partir daí, trilhou o próprio caminho.

Foi por ela que o Brasil conheceu "Quantas lágrimas", de Manacéia, também autor de "Sempre teu amor", cantado por Cristina em seu segundo álbum, "Prato e faca". Foi nesse disco que Marisa Monte ouviu "Esta melodia" (Bubu da Portela e Jamelão), samba que gravou em "Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão". "Arrebém", "Vejo amanhecer" e "Resgate" são outros álbuns de Cristina.

Em 1995, Cristina gravou com o músico Henrique Cazes um disco com canções de Noel Rosa, e incorporou o famoso sobrenome Buarque à identidade artística.

 

Repercussão

 

Chico Buarque homenageou a irmã com um vídeo postado em seu perfil no Instagram na tarde deste domingo. Ele recuperou o registro de apresentação realizada para o programa "Ensaio", no ano de 1971, TV Tupi, em que ele, a irmã e o grupo MPB-4 cantam "Sem Fantasia". O post foi comentado por outros representantes da família, como Chico Brown (neto de Chico Buarque).

O filho da artista, Zeca Ferreira, compartilhou um post nas redes sociais com a seguinte legenda:

"Uma cantora avessa aos holofotes. Como explicar um negócio desses em qualquer tempo? Mas como explicar isso nesse tempo específico? Mas foi isso a vida inteirinha dessa mulher que tivemos, nós 5, a sorte grande de ter como mãe. Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. "Bom mesmo é o coro", ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto. É imagem bonita e nítida mas desfoca as outras belezas que se perderiam na sombra não fossem essas pessoas imunes ao imediato. Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe".

"Algumas pessoas são elas mesmas inteiramente de um jeito admirável. Cristina Buarque, que hoje encantou-se, é um dos maiores exemplos que eu tive a felicidade de conhecer. Cristina não tinha espaço nem paciência pra o que considerava bobagem. Mas pra aquilo que ela amava, o samba e sua família de estilos próximos, ela tinha todo o espaço do mundo e muita, MUITA generosidade com quem, como eu, chegava de fora e cheia de vontade de aprender. Estou triste porque a presença única dela marcava esse parâmetro no mundo: o de ser REALMENTE quem se é, de forma radical. Agradeço eternamente os cds e fitas cassete com tantas preciosidades garimpadas, (organizadas meticulosa e amorosamente), que a Cristina deu de presente para os novos, (eu dentre eles), pela paixão de passar adiante o que considerava bom, cheia de razão".

 
 

Perfis dedicados ao samba homenagearam a artista. Um dos mais tradicionais redutos dedicados ao gênero, o Bip Bip, em Copacabana, fez a seguinte postagem:

"Com toda tristeza anunciamos que nossa Maria Christina Ferreira (pra mundo a Cristina Buarque, pro Alfredinho a Cretina, pra muitos a Chefia) nos deixou essa manhã. Todo nosso carinho à família Ferreira Buarque de Holanda. Ela foi nossa sócia, recebeu muita cerveja dos distribuidores quando Alfredinho não estava, e fundadora da bagunça boa do Bloco do Bip. Formou gerações com suas gravações e repertório, sempre generosa com o material e o conhecimento que acumulou durante anos de rodas de samba. Defensora ferrenha das músicas (de preferência com a melodia e letra certas e sempre lutando contra cancelamentos geracionais) e dos compositores que admiramos. Sempre se posicionando do lado certo, pela esquerda, claro! Sacana na medida certa, não vivia sem um bom papo de botequim. Bebedora de Brahma, moradora de Paquetá, amante dos seus gatos e da família linda que criou (praticamente dentro do Bip, inclusive). Podemos passar a vida falando dela, da sua importância pro samba, pro nosso bar, pras nossas vidas, e vamos fazer isso sempre. Lembrar com carinho da pessoa que fez tudo começar musicalmente pra gente e pra toda uma geração que - literalmente - bebeu na sua fonte. Neném já abriu a primeira pra te esperar!"

 


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