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Os traços que compõem a capital do país, aliados a uma série de ações criativas, fazem de Brasília uma referência para o turismo
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Há três anos, os traços e características de Brasília renderam o título de cidade criativa do design concedido à capital federal pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A partir desse reconhecimento internacional, um roteiro turístico de economia criativa, associada ao design da cidade, se transformou em aposta para atrair turistas e empresários do ramo que desejam explorar Brasília de uma forma diferente. De acordo com especialistas, esse tipo de turismo é tendência no mundo e pode ser uma das maneiras de alavancar a economia local.
A coordenadora das Câmaras Empresariais da Fecomércio-DF, Caetana Franarin, explica que essa economia é uma área que trabalha com criatividade e capital intelectual. “É um setor que abrange desde projetos musicais e editoriais até a arquitetura e design de uma cidade”, afirma. Para a especialista, a associação desses segementos de conhecimento podem ser utilizadas na organização de um roteiro turístico. “Atualmente, as pessoas procuram por lugares autênticos e que oferecem experiências diferentes do comum. E associar economia criativa com toda essa realidade de cultura, design e gastronomia é um insumo perfeito para o turismo”, considera.
Ressignificar a W3 Sul e dar visibilidade a criadores brasilienses são ideais que fazem parte da filosofia de negócios de Miguel Galvão, 35. O empreendedor está a frente de dois projetos criativos de Brasília e diz que este mercado tem potencial na cidade. “São ideias, filosofias de vida e formas de expressão variadas que oferecem ao público experiências autênticas, orgânicas e únicas, que só existem em Brasília”, afirma Miguel. Apesar de acreditar na capacidade da capital federal de crescer junto a essa área, ele acredita que é preciso um incentivo maior. “Temos de ir muito além de apenas abrir a avenidas, como a W3, para passeio. Uma forte e ousada política de incentivo fiscal aos negócios criativos, assim como foi feito em outras experiências de sucesso, podem dar frutos incríveis a médio prazo”, completa.
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Reinaldo Gomes: "Aqui há diversas possibilidades para se trabalhar"
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"São ideias, filosofias de vida e formas de expressão variadas que oferecem ao público experiências autênticas, orgânicas e únicas, que só existem em Brasília" Miguel Galvão, empresário e artista
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Elisângela Barros: "A ideia é começar pelo que já é conhecido"
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Reinaldo Gomes, 44, é proprietário de uma empresa de produção cultural. Além de realizar eventos para exaltar a cultura local, produz conteúdos voltados ao tema. Ele também acredita que Brasília tem um bom potencial para crescer e se destacar na área de economia criativa. “Seja voltada ao design da cidade, às manifestações artísticas ou aos próprios artistas locais, aqui há diversas possibilidades para se trabalhar e fomentar este mercado”, considera. Além disso, ele explica que características da capital brasileira contribuem. “O clima, a disposição e as características de mobilidade são facilitadores para a implementação de roteiros turísticos voltados à economia criativa e ao design”, completa.
Para o empresário, a junção dessas áreas é um caminho fácil e certeiro para alavancar a economia local. “É um negócio limpo, criativo e que tem condições de beneficiar diversos setores ao mesmo tempo. É a economia do século 21. Por isso, acredito no investimento nesta modalidade”, afirma. Reinaldo ainda diz que iniciativas que fomentem este setor são necessárias para chamar a atenção de turistas, investidores e dos próprios brasilienses. “Muitas pessoas moram em Brasília e não conhecem a capacidade turística que a cidade tem além do que já é conhecido”, considera.
Expectativas
Além de atrair empresários, fomentar o turismo criativo atrelado ao design da cidade pode ser uma forma de chamar a atenção para o turismo na capital federal para além do roteiro de negócios e político. A coordenadora de Turismo do Serviço Social do Comércio do DF (Sesc-DF), Elisângela Barros Silva, também acredita que essa é uma oportunidade de mostrar um lado da cidade que muitos não conhecem. “A ideia é começar pelo que já é conhecido, mas acrescentar novas rotas e maneiras de se olhar para a cidade”, afirma.
A secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça, afirma que a pasta tem a intenção de investir nesta área. “O turismo criativo sob o olhar do design é uma potência no mundo inteiro. Brasília se fortalece pela diversidade de experiências que oferece aos visitantes e moradores. Vai muito além do que as pessoas imaginam”, destaca. A secretária ainda diz que a junção das categorias é uma das apostas da pasta para fomentar o turismo local. “Brasília tem uma atratividade muito grande e profissionais muito capacitados e talentosos capazes de atraírem um público cada vez maior”, completa.
Itinerário
Em 2021, o Serviço Social do Comércio do DF (Sesc-DF) disponibilizará um roteiro turístico focado na economia criativa e design da capital federal. O intuito é apresentar um itinerário com atrativos que se enquadram no nicho contemporâneo de empreendimentos com o viés criativo na cidade. Serão manifestações culturais e instalações que destacam Brasília como cidade do design, o que inclui Itamaraty, Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, caminhada pela vizinhança da 308 Sul e, para finalizar, uma degustação gastronômica na Infinu.Saiba mais
Cidades criativas da Unesco
Além de Brasília, outras nove cidades brasileiras têm o título de cidade criativa cedidos pela Unesco. São elas: Belo Horizonte, Belém, Florianópolis e Paraty (RJ), no campo da gastronomia; Brasília, Fortaleza e Curitiba, no do design; João Pessoa, em artesanato e artes folclóricas; Salvador, na música; e Santos (SP), no cinema. Ao conquistar o título, as cidades têm a oportunidade de participar de projetos estratégicos em âmbito internacional e fomentar a indústria criativa local de forma sustentável e inclusiva. As últimas do Brasil a receberem os títulos, cedidos a cada dois anos, foram Belo Horizonte e Fortaleza, em 2019.