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Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na live: "O assunto (coronavírus) está na pauta do Brasil e do mundo." |
A confirmação de que o secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, está com coronavírus provocou alerta na Esplanada e fez o presidente Jair Bolsonaro se submeter a um teste para saber se contraiu a doença. O resultado sairá hoje. Wajngarten integrou a comitiva brasileira que viajou aos Estados Unidos para encontros com empresários e com o chefe do Executivo norte-americano, Donald Trump. Todos que estavam na delegação fizeram o exame. Por conta da suspeita, Bolsonaro cancelou compromissos, como a viagem que faria ontem ao Rio Grande do Norte, e passou o dia no Palácio da Alvorada.
Wajngarten está em quarentena domiciliar em São Paulo. Bolsonaro segue sem sintomas e, na noite de ontem, fez uma live, no Facebook, com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ambos estavam de máscara. Na transmissão, o chefe do Executivo, de 64 anos, mudou o discurso sobre a Covid-19. Dias depois de classificar a pandemia como uma “fantasia” da imprensa, ele chamou a atenção para um dos grupos de risco, os idosos.
“O assunto de hoje (ontem) vai ser basicamente o coronavírus, que está na pauta do Brasil e do mundo. Uma das pessoas que veio conosco no avião deu resultado negativo, a gente espera que todo mundo dê negativo e fique o positivo só com o Fábio. Não tem uma grande letalidade, mas quem tem mais de 65 anos aumenta um pouquinho, na base de 15%. Então, cada 100 pessoas acima de 60 anos, que é o meu caso, podem ter complicações mais graves”, afirmou. “Estou usando máscara porque nessa recente viagem aos EUA, uma das pessoas, que veio comigo no voo, quando desceu em São Paulo, foi fazer uns exames habituais e deu positivo para o coronavírus”, justificou, em relação ao secretário.
Caso o exame do presidente dê resultado positivo, ele terá de se afastar das atividades da Presidência para se recuperar. O presidente não tem diagnóstico de doença crônica, que fragiliza a resposta do corpo a infecções. No entanto, a idade, de 64 anos, é considerada um fator de risco e pode exigir atendimento especializado em um hospital, a depender da evolução dos sintomas.
“Um homem de 64 anos, rígido, que faz as suas caminhadas, já passou seu organismo por agressão, foi aquela facada mal-explicada, que superou, que tem o sistema imunológico forte, tem de manter o cuidado por conta das outras pessoas”, ressaltou Mandetta. “Se der positivo, o presidente vai ter de despachar daqui (Alvorada). A gente vai recomendar o isolamento domiciliar. Se não der positivo, ou der outro vírus, a gente libera, vida que volta ao normal. Todo mundo tomando os cuidados de higiene.” Bolsonaro completa 65 anos no próximo dia 21.
O presidente disse também que assinará, hoje, a medida provisória que libera R$ 5 bilhões, via emendas, para o enfrentamento do novo coronavírus. O valor atende a um pedido feito na quarta-feira por Mandetta. A MP tem efeito imediato após a publicação.
Eduardo
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) visitou o pai ontem. Ele e a primeira-dama Michelle Bolsonaro também se submeteram a teste para o coronavírus na residência oficial. Depois de passar cerca de quatro horas no local, o parlamentar saiu usando uma máscara cirúrgica. O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que também esteve com o presidente na viagem aos Estados Unidos, foi outro que fez o exame. Uma equipe médica do Hospital das Forças Armadas (HFA) esteve no Palácio do Planalto para coletar a amostra. Também integrou a comitiva o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que deve voltar ao Brasil, fazer o teste e ficar em quarentena. O ministro de Minas e Energia, Bento Costa, testou negativo.
De acordo com a Presidência, todas as medidas foram tomadas “para preservar a saúde do presidente da República e de toda comitiva presidencial que o acompanhou” na recente viagem oficial.
“Obviamente, temos no momento uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala”
Jair Bolsonaro, presidente da República, em declaração na última terça-feira
“Não tem uma grande letalidade, mas quem tem mais de 65 anos aumenta um pouquinho, na base de 15%. Então, cada 100 pessoas acima de 60 anos, que é o meu caso, podem ter complicações mais graves”
Jair Bolsonaro, na live de ontem