A empresa japonesa ispace tenta fazer na tarde desta terça-feira o primeiro pouso de uma sonda espacial da iniciativa privada na Lua. A espaçonave Hakuto-R tentará descer em superfície lunar com um módulo de aterrissagem e um pequeno jipe-robô, batizado de Rashid, construído por cientistas dos Emirados Árabes.
Se a missão for bem sucedida, o Japão será o quarto país do mundo a pousar um artefato em solo lunar, depois dos EUA, da China e da Rússia (ainda no período soviético). A Hakuto-R pode se tornar um marco importante da nova corrida lunar, que começou em 2013, com os chineses pousando a sonda Chang'e 3 na Lua, após 37 anos da última aterrissagem soviética.
Mas é nos últimos cinco anos que ocorreu um período intenso na órbita lunar. A China ainda aterrissou com mais mais duas sondas da série Chang'e no satélite, em 2018 e 2020. Dois outros países também enviaram módulos de aterrissagem à Lua, Israel e a Índia, mas falharam ao tentar pousar em 2019.
Enquanto o principal objetivo da ispace é obter o sucesso na trajetória de pouso em si, o jipe-robô Rashid tem como missão estudar a poeira lunar e entender suas propriedades dinâmicas.
O módulo de aterrissagem da Hakuto-R também carrega um experimento da Jaxa, a agência espacial do governo do Japão, batizado de Sora-Q. Esse equipamento, um pequeno robô que se desdobra como um "transformer", vai testar uma nova tecnologia de locomoção no solo lunar.
A Hakuto-R está na órbita da Lua há cerca de um mês esperando o momento melhor para tentar o pouso, com a espaçonave já estabilizada. A primeira tentativa deve ocorrer às 13h40 (hora de Brasília) desta terça-feira (25/4). No caso de adiamento, há outras duas janelas de oportunidade nas 12 horas seguintes. Caso a ispace decida por adiar ainda mais o pouso, há outras datas possíveis entre 1 e 3 de maio.
Imagem de concepção artística ilustra a Hakuto-R na superfície da Lua — Foto: ispace/divulgação
A empresa vai transmitir ao vivo o pouso da espaçonave a partir de seu site (www.ispace-inc.com), e a sonda está equipada com câmeras para registrar o momento. A ispace estava preocupada com capacidade de a missão sustentar energia, mas informa agora que as perspectivas são boas.
"Conforme nosso modulo de aterrissagem se aproxima da superfície lunar, a Lua ocupa mais do campo de visão dele. Isso faz com que o Sol fique bloqueado por mais tempo, o que representa um desafio para gerenciamento e geração de energia", afirmou em comunicado Sasha Hurowitz, um engenheiros que lideram o projeto. "Por meio de testes e análises cuidadosos, a equipe de engenharia da ispace se preparou para isso e conduziu com sucesso o módulo de pouso pelos períodos mais longos de eclipse com sucesso.”
Projeto milionário
A Hakuto-R partiu da Terra em um foguete Falcon 9, da SpaceX, que foi considerado o mais adequado para acomodar sua estrutura de 340 kg e cerca de 2,5 metros de diâmetro. O projeto da sonda tem como parceiras (e patrocinadoras) várias empresas japonesas tradicionais, incluindo Japan Airlines, Suzuki Motors e Citizen Watch (todas com seus logos estampados no corpo da espaçonave, tal qual um carro de fórmula 1).
A sonda está agora em uma órbita em forma de elipse bastante alongada, a 100 km de distância no ponto mais próximo, mas chegando a 6.000 km no ponto mais distante. Para pousar na Lua, a Hakuto-R vai acionar seus propulsores para encerrar esse movimento inercial.
"Usando uma série de comandos pre-configurados, o módulo de pouso vai ajustar sua orientação e reduzir velocidade para fazer uma aterrissagem suave na superfície lunar", afirma a spacex em comunicado de imprensa.
Não vai se passar muito tempo até que a empresa tenha notícia sobre o sucesso (ou fracasso) da missão. "Esse processo vai levar cerca de uma hora", diz o documento.
A ispace informou no meio do ano passado que já tinha levantado até aquele momento US$ 237 milhões em recursos, sem especificar quanto foi empregado especificamente na Hakuto-R.