19 de março de 2020 | 05h00
Remédios para tratamento cardíaco, diabetes e inflamações podem piorar o quadro de quem for infectado pelo novo coronavírus. E especialista alertam: antes de trocar a medicação, é essencial consultar os médicos. O Estado levantou dúvidas com base em questões enviadas por leitores do grupo EstadãoInforma: Coronavírus, espaço para discussão e troca de informações sobre a pandemia criado pelo jornal no Facebook.
As respostas têm como base entrevistas com o farmacêutico Ismael Rosa, diretor acadêmico do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), do professor Eliseu Waldman, infectologista da Faculdade de Saúde Pública da USP, e também reportagens feitas pelo Estado. O grupo é um espaço para discussão e troca de informações sobre a pandemia na rede social. Qualquer usuário pode se inscrever e enviar suas dúvidas.
Não. Nenhum medicamento para hipertensão, diabetes ou qualquer quadro clínico específico deve ter o uso descontinuado sem orientação médica. A orientação é que o paciente procure o profissional com o qual se consulta – no caso dos hipertensos, um cardiologista – para saber se é o caso de substituição do remédio. Cortar o medicamento pode trazer complicações, e é essencial o paciente estar com a saúde estável se contrair o coronavírus, o que diminui influência negativa no quadro clínico.
Sim, mas somente o cardiologista que está acompanhando esse paciente pode avaliar. Dependerá da análise de risco e benefício para esse paciente.
Se é um paciente que não teve exposição ao vírus, que não está numa região que é endêmica ainda, nem tem histórico de viagem para locais onde há epidemia, por exemplo, a troca de medicamento pode ser dispensada.
Os resultados do uso do favipavir para tratar infecções da covid-19 são preliminares. Os testes foram feitos em pacientes na China e, segundo as autoridades do país, o tempo médio de tratamento com o remédio foi de apenas quatro dias. Sem o favipavir, outros pacientes levaram 11 dias para testar negativo. Ainda segundo autoridades chinesas, radiografias mostraram melhoras na condição dos pulmões de 91% dos medicados, ante 62% no outro grupo. A droga é comercializada no mercado japonês desde 2014 com o nome Avigan.
Nunca é recomendável ter “farmácias” dentro de casa. A primeira recomendação é conversar com um farmacêutico, que é o profissional mais acessível à população. É ele que pode dizer se, de acordo com os sintomas, é possível recomendar algum medicamento isento de prescrição – no caso de gripe, por exemplo –, ou se deve haver algum encaminhamento ao serviço de saúde.
Sim. Os corticoides, por exemplo, são imunossupressores. Eles abaixam a imunidade e, automaticamente, se uma pessoa está com a imunidade baixa há preocupações relacionadas tanto com a covid-19 quanto com qualquer outro vírus ou infecção. Para quem faz uso desse remédio, a orientação é a mesma que vale para os grupos de risco: antes de mudar o uso do remédio, consulte um médico.