CORDEL NO EMBALO DAS REDES
Meu cordelzinho matuto
Das feiras do meu sertão
Hoje reina absoluto
Tem farta divulgação
Com seu jeitão enxerido
Agora todo exibido
Brilha na televisão.
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Aparece ledo e belo,
Nos mais diversos canais.
Sem deixar de ser singelo
Vai estampando jornais
Com sua xilogravura
Mostrando sua cultura,
Que nunca será demais.
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Um programa inteirinho
No “Globo Rural” ganhou.
E o “Salto Pro Futuro”,
O seu valor realçou.
No “History Channel”,
Detalhes do cordel
A história revelou.
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Hoje é tema de novela,
Este cordel encantado,
De rainhas e princesas,
E do cangaço falado.
No reino da poesia
Um passado de magia
Será então resgatado.
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Como fico orgulhosa
Em ver meu matutinho,
Sendo bem reconhecido
Mesmo fora do seu ninho.
Está fazendo bonito,
No cordel eu acredito
Pois ele é meu caminho.
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Escutei cordel em feiras
E rodas de cantoria.
Em encontros com poeta
Onde reinava alegria.
Agora mais abrangente
Continua imponente
Disseminando magia
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A internet chegando,
Vestiu de asas o cordel,
Que voou pra todo canto,
Como um alado corcel,
Com toda desenvoltura,
Aproveitou a abertura
Para firmar seu papel.
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Um dia virou folheto
O que era apenas oral.
Chegou à televisão,
A revista, ao jornal.
E na internet brilha
Seguindo a nova trilha
Neste mundo virtual.
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Na internet impera,
A real democracia,
Lê-se o contemporâneo,
E o antigo se aprecia
Com a multiplicidade
O cordel vira verdade
Que na rede contagia.
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O cordel de trajes simples
Ou vestido a rigor
Sempre será respeitado
Sempre terá seu valor
Trazendo erudição,
Ou apenas inspiração
Traz na rima seu calor.
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O cordel de trajes simples
Reside no interior.
Nas emissoras de rádio
Na boca do locutor.
No sorriso e na alegria
Que de fato contagia
Quem lá no campo ficou.
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O cordel vestido a rigor
Usa terno e gravata
Não é de fazer bravata,
Seu espaço conquistou
Traz no seu falar polido
Um linguajar tão sabido
Que a escola adotou.
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Este cordel que desponta,
E chegou para ficar.
Inserido nas escolas
E ajudando a ensinar
Traz na bagagem magia
É o novo que contagia,
Ajudando a educar.
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Quais as faces do cordel?
Quem poderá me dizer?
Não diga que é só matuto
Nisso eu não posso crer!
Não diga que é erudito
Pois também não acredito.
Mas tudo poderá ser.
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O Cordel é um alento
Para o forte Nordestino.
Cultivador de saudade
Um eterno peregrino.
Que leva no coração
As histórias do sertão,
A saga do seu destino.
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É a gritante saudade
Da farinha no surrão.
É a saudade da paçoca
Bem pisada no pilão
Da pamonha, da canjica
Do amor a terra que fica,
Grudado no coração.
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É a cantilena brejeira
De quem viveu no sertão.
Tudo que passou um dia
Vivendo em seu torrão
Morando na capital
O cordel vira jornal,
A fonte de informação.
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O cordel é identidade
Do homem do interior
Que veio para cidade
Estudou pra ser doutor
Mas apesar de formado
Recorda bem o passado
E as raízes dá valor.
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Preso com os pregadores
Pendurado em cordão.
Avistava-se o cordel
Nas feiras do sertão.
Agora bem editado,
Ricamente ilustrado
Não falta divulgação.
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O cordel é oração,
É reza é ladainha.
É a história de um povo
Que incansável caminha
Registrando sua história
Para guardar na memória
Que oralmente retinha.
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A internet chegou
Para o cordel socorrer
E zombar de quem dizia
Que o cordel ia morrer.
Acompanhando o progresso
Um cordel sem retrocesso
É o que de fato se ver.
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Eu sou Dalinha Catunda,
Também me assino Aragão.
Amante da poesia
Que germinou no sertão
Em Ipueiras nascida
Ao cordel dou guarida
Pois ele é minha paixão.