Cícero Tavares
Depois de um hiato de oito anos sem lançar disco e ausente dos palcos pelo mesmo período, a banda de Arcoverde, “Cordel do Fogo Encantado”, que revolucionou a cena musical pernambucana e incendiou o Brasil inteiro com seu sebastianismo musical, após o encantamento de Chico Science da Nação Zumbi, ressurge com um novo disco com os mesmos músicos originários para mostrar que no Brasil há cabeças inteligentes e inspiradas para fazer músicas perenes!
Com Banânia vivendo uma fase de dejetos musicais, com uma poluição sonora absoluta tirando a paz dos ouvidos sensíveis, tipo LC Loma e as Gêmeas Lacração, Pablo Vittar, Jojo Todynho, Glória Groove, Aretuza Lovi, MC Kevinho, MC Gui, MC Pedrinho, Ludmilla, Anitta e outras marmotas do “gênero escremental”, nada melhor do que extasiar com a volta da banda “Cordel do Fogo Encantado” para suplantar esse lixo musical imbecilizado que nos estoura os tímpanos!
Com o CD “Viagem ao Coração do Sol” já gravado no Estúdio EL Rocha, em São Paulo e Totem Estúdio, em Fortaleza, dos competentes e instigados produtores e músicos cearenses Yuri Kalil e Fernando Catatau, o “Cordel do Fogo Encantado” traz canções que ficaram guardadas desde 2010 e novas composições feitas depois que os componentes se reuniram após o encantamento do percussionista Naná Vasconcelos em 2016, que produziu e tocou percussão no primeiro disco homônimo da banda lançado em 2001.
Segundo José Paes de Lira – o exímio declamador e performático Lirinha -, vocalista, compositor e pandeirista do “Cordel do Fogo Encantado”, houve uma opção estética de não ser um grupo de releitura e ou glorificação do passado. As novas letras vão dialogar com os sentimentos humanos, com aquilo que nos cerca, mas musicalmente a banda vai manter a característica de sempre surpreender.
O “Cordel do Fogo Encantado” surgiu destilando a alta octanagem da poesia oral dos cantadores, repentistas, trovadores e a expressividade teatral, principalmente nas declamações e interpretações de Lirinha. Sua deglutição percussiva deixava exposta a tradição afro-indígena sertaneja. Se no primeiro disco – “Cordel do Fogo Encantado”-2001 -, os componentes cantavam em forma de cordel, no segundo disco – “O Palhaço do Circo Sem Futuro”, de 2003, produzido por eles mesmos, faziam uma metáfora da existência humana na figura de um palhaço de um circo sem futuro. Já no terceiro álbum de inédita – “Transfiguração”, lançado em 2006 pela Trama, com produção de Carlos Eduardo Miranda e Gustavo Lenza, é marcado pela retomada dos ritmos regionais típicos da banda, tanto como pela releitura da poesia dos cordelistas sertanejos, adaptada à formação da banda: um cantor performático que abusa sabiamente da teatralidade, um violão orquestra endiabrado e percussões a todo vapor.
As músicas, que conferem até ao tema corriqueiro de uma paixão um cunho messiânico, fenômeno remetente ao vasto folclore nordestino, têm seu poder intuído já a partir dos títulos, aos exemplos de Pedra e Bala (Os Sertões), Tempestade (ou A Dança dos Trovões), Sobre as Folhas (ou Barão nas Árvores), ou mesmo na música homônima do álbum, “Transfiguração”, onde versos simples, mas enigmáticos, sugerem a originalidade dos músicos nordestinos: “Volta, este mundo só precisa de você/ volta, outro homem nunca assim vai te chamar/ Não fique aí enterrada/ Vem para a rua”.
Com “Viagem ao Coração do Sol” a ser lançado em todo o Brasil no dia 6 de abril, o “Cordel do Fogo Encantado” fazem uma remissão ao terceiro disco, “Transfiguração”, que indicava uma pausa, que veio. Segundo Lirinha: agora é sair para o sol, florescer, caminhar em direção à luz, sair de dentro da terra, rasgar o casulo.
Aguardamos ansiosos, pois, o lançamento do novo CD da banda depois de oito anos de hibernação. Enquanto não vem, assistiremos ao clipe oficial da música “Liberdade, A Filha do Vento” lançado dia três, de autoria de Lirinha e gravada no Recife. E depois, faremos uma comparação com um lixo sonoro musical interpretado pela (o) “sensação do momento” Pablo Vittar – “Open Bar!”
Deixem os ouvidos bem atentos para se deliciarem com o clipe oficial de “Liberdade, a Filha do Vento”!
E depois, prendam a respiração, segurem a depressão para ouvir o clipe da música “Open Bar” de Pablo Vittar!
Tá uma gracinha!!
“A sensação do momento!”
Se no início ou no meio do clipe você sentir o gosto amargo do suicídio, detone o vídeo: Não se mate! Sua vida é mais importante do que um lixo sonoro!
Novo CD do Cordel do Fogo Encantado a ser lançado para o mundo no dia 06.04.2018.
O clipe da música “Open Bar” do genial Pablo Vittar, a poluição sonora do momento!