O calendário internacional da ginástica artística começa nesta quarta-feira, com a disputa da Copa do Mundo de Baku, no Azerbaijão. O treino de pódio acontece nesta manhã. E três atletas do Brasil estão na competição: Júlia Soares, Andreza Lima e Carolyne Pedro. Júlia volta a Baku, onde em 2022 foi medalha de ouro no solo, em sua estreia neste circuito. Desta vez ela terá apresentação nova, que juntou Raça Negra, samba e Milord, de Edith Piaf. Segundo Francisco Porath Neto, treinador da seleção feminina, ela deverá ir aos Jogos de Paris com a seleção feminina. Será a estreia dela em Jogos Olímpicos.
Júlia estreou no adulto em 2021, depois de ter sido destaque juvenil. Em 2021, ela foi campeã sul-americana individual geral, do solo e da trave, e ainda conquistou o bronze no Pan-Americano de Ginástica (trave) com direito a homologação de elemento na trave (que consiste na adição de uma meia pirueta à entrada em vela na trave; quando a ginasta usa um trampolim para subir pela lateral da trave em posição esticada).
— Desde pequena ela tem esse carisma e uma parte artística ótima. Essa coisa do sorriso, do olhar, do interpretar... Identificamos logo que ela tinha futuro. — lembra Chico. — Ela encanta, tem um brilho especial.
Para Baku, Júlia apresentará nova série no solo, a "Conexão Brasil/França", em substituição a "Aladin". Ela manteve as passadas acrobáticas mas mudou o artístico. Junto com o coreógrafo Rohny Ferreira, escolheram o pagode "Cheia de Manias" e a clássica Milord.
— Quisemos fazer uma parte bem brasileira e uma parte francesa, por causa do local dos Jogos. Começamos com o Raça Negra e depois Milord, com a voz original da Piaf, de 1920. E para a conexão entre elas, usamos instrumentos do samba, como cuíca, pandeiro, tamborim, apito — explicou Rhony.
Segundo Chico, a apresentação ficou a "cara dela". Disse que ela viajou para Baku confiante porque conseguiu executar a série com perfeição nos treinos.
Rumo a Paris
Júlia foi confirmada como integrante da seleção que vai a Paris-2024. Chico explicou que a equipe do Mundial, com Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira, já está azeitada, tem experiência e sequência para exibição nos aparelhos e, por isso, não pretende mudar o esquema.
— A Júlia é a atleta que abriu a sequência de trave e do solo no Mundial da Antuérpia, quando o Brasil foi prata e conquistou vaga para Paris. Essa é uma tarefa bem difícil. Imagine em uma Olimpíada. Ela precisa estar pronta para solo e trave e por isso inicia o ano em Baku — explica Chico. — A princípio vamos a Paris com a mesma equipe do Mundial. A nossa última aclimatação, já em Paris, levaremos oito ginastas. E essas três meninas 'extras' têm de estar prontas para substituir uma das cinco, se necessário.
A ideia, segundo ele, é levar o grupo principal apenas para a Copa do Mudo de Antália, em abril, na Turquia, para que elas possam competir nos aparelhos novos da marca francesa Gymnova. O Brasil já tem a aparelhagem em seu Centro de Treinamento e por isso recebeu o time da Alemanha, em fevereiro, para treinamento em conjunto. Já há uma solicitação da seleção holandesa da modalidade para o mesmo.
— É uma chave perdida, mas com a qual rezei. Levo para todos os lugares. Chave abre portas e para mim, abrir portas, é algo muito significativo. Abrindo portas eu posso ir por vários caminhos, ir mais longe, posso abrir uma porta aqui ou ali e ir segundo os meus sonhos.