O time titular do Brasil fez três jogos na Copa até agora: dois com Neymar, um sem. Contra a Sérvia, o Brasil deu 24 chutes no gol e acertou dez. Contra a Suíça, sem o craque, foram nove chutes, segundo a FIFA, cinco deles na direção do gol. Nesta segunda-feira, os brasileiros voltaram a finalizar bastante: 18 vezes, 10 no gol.
Cada jogo conta uma história, e as estratégias de Coreia do Sul e Suíça foram diferentes dentro de campo: os coreanos, em nenhum momento, armaram um ferrolho defensivo para tentar impedir os brasileiros como fizeram os suíços. Como Vinicius Junior afirmou após a partida, o time brasileiro teve espaço.
O que os números demonstram, entretanto, é que o Brasil retornou ao nível de produção do primeiro jogo, quando venceu a Sérvia por 2 a 0. Mesmo descontando o pênalti, o Brasil teve um índice de gols esperados de 2,77, muito similar ao da partida contra a Sérvia, de 2,43.
Com ferrolho ou sem ferrolho, a diferença entre o Brasil sem Neymar e o Brasil com Neymar parece ser a ousadia de quebrar essas linhas de marcação. Contra a Sérvia, foram 184 tentativas durante toda a partida, número que caiu para 164 contra a Suíça, número que hoje foi de 202, segundo dados da FIFA.
Esses dados se refletem nos números físicos da partida: segundo dados da FIFA, o camisa 10 deu apenas 29 sprints no jogo (quando ultrapassa 25 km/h). Raphinha, com 71, Richarlison, com 70, e Vinicius Junior, com 52, correram por Neymar. O atacante brasileiro percorreu 7,5 km, menos que os 10 km de Raphinha e os 11 km de Richarlison, igual aos 7,9 de Vinicius Junior.
Desempenho do Brasil melhora com Neymar — Foto: Editoria de arte
Mas quando a avaliação é sobre o tipo de passe, a diferença reaparece: Neymar tentou 17 passes que quebram linhas defensivas. Como padrão de comparação, Raphinha, Richarlison e Vinicius, somados, deram 21.
Ao todo, 10 desses passes de Neymar "quebraram" aquela que os técnicos consideram a área mais importante do campo: a linha entre os volantes e os zagueiros. Nada disso funcionaria se o Brasil não tivesse no primeiro tempo a eficiência que talvez não tenha tido no primeiro tempo contra a Sérvia ou durante toda a partida contra Camarões.
A discussão após a lesão de Neymar foi se o Brasil precisava ou não do atacante. O que os números parecem indicar uma resposta mais simples: o Brasil tem um bom time para além de Neymar, capaz de fazer valer a criatividade do seu camisa 10. Em outras palavras, Neymar não precisa cruzar na área e correr para cabecear: Vini, Raphinha e Richarlison estão fazendo isso por ele.