Lusail — Diz um conto árabe que dois amigos peregrinavam pelo deserto. Em determinado ponto da caminhada, ambos quebraram o pau. Brigaram feio, mesmo. O ofendido não reagiu, mas expressou a tristeza em uma frase redigida na areia: "Hoje, o meu melhor amigo me bateu no rosto".
Bolado, o valentão questionou: por que depois que te bati, você escreveu na areia, e agora que te salvei, gravou na pedra?
Protagonistas da final de hoje, às 12h (de Brasília), no Estádio Icônico de Lusail, Lionel Messi e Kylian Mbappé viajaram 29 dias pelo deserto do Catar em caminhos distintos. Chaves diferentes na primeira Copa no Oriente Médio. Amigos no Paris Saint-Germain, os camisas 10 de Argentina e França são responsáveis por encerrar longos períodos de seca e encontrarão no troféu um oásis para o fim da abstinência. Como no conto árabe, um deles pode levar bofetada na bola na decisão ou morrer na praia, mas a amizade continuará gravada na pedra.
"Sobre o Léo ter dito que é último jogo, espero que ele possa ganhar a Copa, que seja magnífico, que possamos desfrutar com ele. É o maior palco possível para ele se despedir", disse o técnico Lionel Scaloni.
Messi é um Guiness Book ambulante. Após superar Maradona e Batistuta em número de gols na Copa e chegar a 11, hoje ele pode igualar ou até mesmo desbancar Pelé, autor de 12. Com 25 jogos em mundiais, deixará Lothar Matthaus para trás. Deve superar, também, Paolo Maldini em número de minutos nas quatro linhas.
Responsável por parar Messi, o goleiro Lloris promete ajudar Mbappé a superar o amigo. "Sabemos o que Léo representa na história do esporte, mas eu acredito que, acima de tudo, é um jogo entre França e Argentina. Há grandes jogadores dos dois lados."