Perder para a França após começar bem a trajetória na Copa do Mundo ao golear o Panamá estava totalmente fora dos planos da Seleção Brasileira. Além de reativar um trauma antigo contra o rival — o qual nunca venceu no futebol feminino —, o tropeço de ontem, por 2 x 1, em Brisbane, virou a situação tupiniquim na competição internacional de cabeça para baixo. Fora da zona de classificação do Grupo F, a equipe da técnica Pia Sundhage viu a partida contra a Jamaica, pela terceira e última rodada da primeira fase, se transformar em uma verdadeira final antecipada.
O duelo de Brasil e Jamaica com status de eliminatório será, basicamente, para definir quem se classifica na segunda colocação da chave. No cenário atual, soa inimaginável ver a França perder pontos para o eliminado Panamá. Com isso, o temido cruzamento nas oitavas de final contra a Alemanha — caso as europeias confirmem o favoritismo e terminem em primeiro lugar na chave H — surge como destino mais provável se a Seleção Brasileira superar as adversidades evidenciadas pela derrota de ontem e garantir a vaga.
Ontem, após a derrota com sabor amargo para as francesas, Sundhage voltou a ressaltar a importância de ir bem contra a Jamaica. Agora, entretanto, a análise tem viés derradeiro pela obrigatoriedade de vitória para seguir vivo. Para obter êxito na empreitada final, o Brasil vai jogar assombrando pelos fantasmas das edições de 1991, na China, e em 1995, na Suécia, quando a Seleção acabou eliminada na primeira fase da Copa do Mundo.
Bola aérea
Antes de jogar com a França, o Brasil sabia da principal arma adversária: a bola aérea. Ciente da força dos 1,87m da zagueira Wendie Renard, a jogadora de linha mais alta da atual edição da Copa do Mundo, a Seleção chegou a realizar uma reunião sobre os cuidados defensivos contra o recurso no dia do jogo. Porém, não conseguiu colocar os antídotos em prática. O primeiro gol francês no jogo, de Le Somme, de apenas 1,63m, também foi de cabeça. Os erros de marcação no quesito evidenciaram a urgência por uma resolução totalmente eficaz.
A Jamaica não tem nenhuma atleta com o poder aéreo tão forte quanto Renard. A zagueira Chantelle Swaby, de 1,81m, e as atacantes Khadija Shaw, de 1,82m, e Cheyna Matthews, de 1,75m, são as jamaicanas mais perigosas no quesito. "Toda vez que entramos, queremos a vitória, será do mesmo jeito com a Jamaica. Se a gente jogar o que jogou no segundo tempo, sei que sairemos com a vitória. É prestar atenção nos detalhes e ir para cima delas", garantiu Debinha, autora do gol do Brasil.
Seja nos detalhes durante o andamento das partidas ou, especificamente, na bola aérea, a Seleção Brasileira se colocou em um cenário de urgência. Todo o destino na Copa do Mundo e o sonho de voltar para casa com o título inédito estarão concentrados em apenas uma partida. Daqui em diante, será assim. E a primeira final é contra a Jamaica.