COPA DO BRASIL DE 1992
Paulo Alexandre
Começou em Teresina e acabou em Porto Alegre. Copa do Brasil, 1992, meu primeiro ano como profissional de futebol!
O tricolor das Laranjeiras carecia de títulos, formava atletas, vide uma galera que fez sucesso no Bragantino, mas, desde 1985 não era campeão. Começamos a Copa do Brasil com uma vitória sobre o Picos, do Piauí, lá em Teresina.
Depois, vieram o Sergipe, o Criciúma, o Sport Recife e o Internacional. O que parecia uma participação despretensiosa, tornou se uma história para contar a minha filha. Alguns jogos foram no charmoso e intimista estádio Álvaro Chaves, nas Laranjeiras. Que delícia era ver jogos e jogar ali. Cresci como atleta no futsal e depois nesse gramado pertinho da minha casa.
Quantas vezes cheguei a ver no clube meus ídolos Romerito, Assis, Branco, Edinho? Seis anos depois, eu estava ali, jogando de verdade. No jogo contra o Criciúma, fiz gol e ganhei prêmio de melhor em campo. Laranjeiras lotada, cantando, aplaudindo.
Até hoje me emociono: "A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça..." Mas quis o destino que, no último jogo, a decisão, faltando pouco menos de oito minutos, um pênalti inexistente acabaria com o sonho. Eu, no banco de reservas, junto com os companheiros, contava com o título, o empate era nosso, e o Internacional não passava do meio campo.
Mas o futebol e a vida são irmãos gêmeos, em segundos tudo muda, e mudou. Pênalti, chute no meio do gol, Internacional Campeão. No
No vestiário, uma tristeza só, luto! Nosso zagueiro, dava soco nos basculantes, o sangue parecia lágrimas. No avião, e prontos para voltarmos à cidade maravilhosa, o arbitro e seus auxiliares adentram a aeronave. Se fosse hoje em dia, meia equipe seria presa por ofensa racial e danos morais. Não precisa dizer que eles desceram do avião.
Poucas coisas no futebol me deixaram saudades, mas jogar nas Laranjeiras ficará sempre guardado. "A bênção, João de Deus..."