O Brasil jamais precisou improvisar um jogador da linha no papel de goleiro em 21 participações na Copa do Mundo. Em caso de emergência, há um zagueiro capacitado para assumir as luvas de Alisson, Ederson ou Weverton. Na infância, Marcos Aoás Corrêa era o dono das traves do Saci, clube no bairro do Imirim, Zona Norte de São Paulo. Marquinhos é talentoso com as mãos, mas preferiu a oportunidade de trocá-las pelos pés. Corinthians, Roma, Paris Saint-Germain e a Seleção Brasileira do Tite agradecem.
Aos 28 anos, Marquinhos disputará a Copa do Mundo pela segunda vez. Subutilizado na Rússia em 2018, teve de esperar a fila andar para se tornar um dos intocáveis. Havia um Miranda no caminho. Nem mesmo o entrosamento com Thiago Silva nos tempos de Paris Saint-Germain fez o treinador mudar de ideia. Um dos jogadores mais versáteis do elenco, com experiência nos papéis de líbero, lateral-esquerdo e volante, o beque esteve em campo apenas seis minutos na edição passada. Entrou no lugar do meia-atacante Willian aos 45 do segundo tempo e só.
Pragmático, Tite preferiu usar Fernandinho no lugar do suspenso Casemiro contra a Bélgica nas quartas de final. Marquinhos no papel de primeiro volante seria uma alternativa fora da caixinha, mas o comandante verde-amarelo se manteve apegado aos conceitos.
Marquinhos acumulou milhas no clube francês e escalou degraus na Seleção Brasileira com a tolerância que lhe faltou no Corinthians. Em 2011, conquistou o Sul-Americano Sub-17, no Equador, sob o comando do técnico mineiro Émerson Ávila. "Era iminente a necessidade de um zagueiro. Não tínhamos um com o peso da Seleção. Fui acompanhar um torneio aqui em Belo Horizonte chamado Future Champions. no Campo do Baleirão, perto do Hospital da Baleia. Vi o Marquinhos jogando pelo Corinthians e foi amor à primeira vista", conta Ávila em entrevista ao Correio Braziliense.
Parceiro de Rodrigo Caio nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, Marquinhos conquistou Tite ao levar o Brasil ao inédito ouro. Figurou da primeira convocação do treinador, em agosto de 2016, até a a lista final para a Copa do Catar.
Casado com a cantora Carol Cabrino, que o conquistou pelo ouvido ao interpretar a canção Diamonds, de Rihanna, Marquinhos tem um casal de filhos. A família turbina um sonho além do hexacampeonato. "Quero ser o melhor zagueiro do mundo", prometeu ao pai, seu Marcos Corrêa.
O trunfo é a versatilidade
A versatilidade é uma das justificativas para a presença de Éder Militão no grupo que buscará o hexa no Catar. Além seguir muito bem a cartilha de um bom zagueiro, a cria das categorias de base do São Paulo cumpre bem o papel de lateral-direito, quando requisitado. A consistência e regularidade nos dois setores pesaram na convocação de Tite e ameaçaram deixar de fora o experiente e, em tese, primeiro suplente, Daniel Alves.
A polivalência do paulista de Sertãozinho o levou ao topo da Espanha e da Europa com a camisa merengue. Em 18 de dezembro, ele espera dominar o mundo vestindo verde e amarelo. Para isso, deve seguir as receitas de sucessos na Liga dos Campeões e no Campeonato Espanhol da temporada passada. Não importa a função tática, fôlego, experiência e vontade não faltarão à carta coringa do baralho brasileiro.
Conheça os dois zagueiros
Marquinhos
Nome: Marcos Aoas Correa
Nascimento: 14/05/1994
Local: São Paulo (SP)
Posição: zagueiro
Número da camisa: 4
Clube: Paris Saint-Germain (FRA)
Estreia na Seleção: Brasil 5 x 0 Honduras — Amistoso
Minutos em campo: 5.496
Convocações: 98 — Jogos: 71
Primeiro gol: 11/09/2018 - Brasil 5 x 0 El Salvador - Amistoso
Participações em Copas: 1 (2018)
Principais títulos: ouro nos Jogos Olímpicos (2016), Libertadores (2012), Copa América (2019) e Campeonato Francês (2014, 2015, 2016, 2018, 2019, 2020 e 2022).
Nome: Éder Gabriel Militão
Nascimento: 18/01/1998
Local: Sertãozinho (SP)
Posição: zagueiro
Número da camisa: 14
Clube: Real Madrid (ESP)
Estreia na Seleção: 11/09/2018 Brasil 5 x 0 El Salvador - Amistoso
Minutos em campo: 1.675
Convocações: 45 — Jogos: 23
Primeiro gol: 27/06/2021 - Brasil 1 x 1 Equador — Copa América
Participações em Copas: estreante
Principais títulos: Liga dos Campeões (2022), Campeonato Espanhol (2022), Supercopa da Uefa (2022), Supercopa da Espanha (2022 e 2020) e Copa América (2019).