“Menor de idade” precisa de tarja preta em foto divulgada
Vou iniciar essa reflexão totalmente por fora do que me ensinaram, quando pretendiam me levar a ser um profissional (medíocre, sei!) das letras. Bem distante das técnicas de redação e mais ainda da ética jornalística.
Começo fazendo algumas indagações:
1 – Como estaria este país apelidado de Brasil, se a senhora Dilma Roussef ainda estivesse “pedalando” por aquelas áreas verdes e mal cuidadas do complexo do Planalto?
2 – Por que, assim tão repentinamente, os comedores de bisnaga com mortadela e guaraná recolheram suas bandeiras e aparentemente diminuíram seus protestos?
3 – Como estaria a nossa Corte Suprema, se o senhor Joaquim Barbosa, afrodescendente assumido, ainda estivesse comandando aquela casa que, de uma hora para outra, ao contrário da mesma teoria praticada em países evoluídos, passou a cuidar de decidir até quem deve ter o direito de plantar batata doce ou produzir ração para cães, desde que sejam protagonistas das entrevistas do Jornal Nacional e do Jornal da Globo?
4 – Alguém já parou para pensar e admitir que, a implicância com Joaquim Barbosa não era com a competência dele, mas, apenas e tão somente, com a cor da pele dele?
5 – Pois, o que justifica que, quando alguém se posiciona contra a “orientação sexual” (uma ova!), é rotulado de homofóbico e preconceituoso, mas, nunca se consegue rotular de nada – e muito menos punir, pois a lei é só de araque – quem, desde o dia 23 de abril de 1500 acirra e perpetua a discriminação racial?
O trio que colocou o país neste estágio de descrédito
Agora, depois de ler e refletir sobre esses cinco itens, façam um rápido passeio pelo seguinte:
1 – Lá pelos anos 70/80 houve uma verdadeira guerra e um forte bombardeio contra a exibição de duas peças teatrais: Hair e o Beijo da Mulher Aranha, ainda que exibidas em ambientes fechados e apenas para adultos.
2 – Antes disso, alguns anos atrás, era cega a perseguição contra Jece Valadão e Norma Benguel por algumas cenas do filme Os Cafajestes; e não ficava menos badalada a implicância contra Leila Diniz que aparecera na praia sem a parte superior do biquíni.
Nada disso foi visto como “arte” – e vejam que a “arte brasileira”, até aonde se sabe, recebe incentivos da Lei Rouanet, cujas dotações orçamentárias são provenientes da arrecadação de impostos – naqueles tempos num país onde os valores morais crescem feito rabo de cavalo. Para baixo.
Hoje, infelizmente, vivemos num momento de descrédito total e absoluto em todos os poderes. Os fatos diários só nos levam a ter certeza que o país está aquém da época paleolítica, com autoridades constituídas sem se darem ao respeito.
O Judiciário afirma que vive de aplicar as leis. As leis do país. As leis imaginadas, votadas e aprovadas por esse legislativo que está aí, visível à todos. Legislativo das cusparadas, das agressões, das acusações, e segundo dizem, das votações contra ou favor, sempre em troca de algo de destinos duvidosos.
É o legislativo que pensa e vota as leis que regem a educação, a segurança, a família, a arte. E é na “arte” que queríamos chegar.
Os meios de Comunicação são obrigados, por Lei, a imprimir tarjas pretas nos rostos de jovens menores de idade e adolescentes e usar apenas as iniciais dos nomes de infratores. Mas esse mesmo menor de idade e adolescente pode fazer o que tem feito todos os dias – que é perda de tempo relacionar aqui. Inclusive, pode e tem o direito de ter interatividade com a arte nua em escolas e teatros.
Abater algum tipo de caça para comer é proibido – mas não é proibido desmatar milhares de hectares de terras indígenas
Agora, vejam quem elabora, vota e aprova as leis que nos “regem e conduzem” à praticar a cidadania. O desabafo do cantor Benito di Paula contra alguma “arte” de um “legislador”.
Tudo, literalmente tudo, conversa pra boi dormir. O país está mergulhado no poço de merda moral.
Literalmente.